08/04/2023 às 22h33min - Atualizada em 09/04/2023 às 06h01min

A captação no exterior de 2,25 bilhões de dólares feita pelo Tesouro Nacional pode dar maior visibilidade e abrir portas para as ofertas de empresas brasileiras

A captação no exterior de 2,25 bilhões de dólares feita pelo Tesouro Nacional pode dar maior visibilidade e abrir portas para as ofertas de empresas

Jornal O Sul
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A captação no exterior de US$ 2,25 bilhões feita pelo Tesouro Nacional pode dar maior visibilidade e abrir portas para as ofertas de empresas brasileiras, segundo especialistas. Esta foi a primeira emissão soberana do Brasil em dois anos e a primeira do governo Lula. A última havia ocorrido em julho de 2021, ainda no governo Bolsonaro, com captação de US$ 1,5 bilhões.

No ano passado, esse tipo de operação por parte de companhias locais foi bastante residual com as incertezas do mercado em relação ao rumo das taxas de juros nos Estados Unidos em meio ao processo de aperto monetário realizado pelo Federal Reserve, banco central americano.

O head de renda fixa da Manchester Investimentos, Rafael Sueishi, destaca que segundo o próprio Tesouro um dos objetivos da operação é o risco Brasil servir de referência, e assim, fomentar a liquidez das emissões corporativas brasileiras no mercado externo.

“Este movimento ajuda a trazer maior visibilidade para os bonds de empresas brasileiras e pode ser positivo. Mas vale ressaltar que o mercado de crédito segue pressionado, com bastante aversão a risco no mercado internacional, e, portanto, uma melhora nas condições de mercado seria determinante para que as empresas voltassem a captar”.

Com o mercado fechado para ofertas no exterior no ano passado, muitas companhias se voltaram para a cena doméstica, que contou com recordes de emissões de debêntures, por exemplo.

Inversão

Em 2023, o jogo se inverteu. Os problemas corporativos envolvendo grandes empresas, principalmente a Americanas, provocou uma onda de saques nos fundos que investem em títulos de dívida, congelando as operações e reduzindo os prazos das ofertas.

A expetativa de bancos de investimentos é que a partir do segundo trimestre, essa situação possa se normalizar, isso claro não ocorram novos eventos semelhantes ao da varejista.

O gestor de crédito da Western Asset, Adriano Casarotto, também avalia que a emissão do Tesouro abre uma referência para o preço dos papéis brasileiros à frente.

“Agora, a empresa pode buscar uma condição de spread (a diferença entre o custo de captação e a taxa cobrada no financiamento) e de prazos melhor lá fora. Os eventos envolvendo algumas companhias fizeram com que os investidores ficassem mais cautelosos no mercado interno e as operações têm vindo mais curtas”, disse Casarotto.

Maior porte

Antes do Tesouro, a Braskem havia acessado o mercado externo neste ano, com uma operação de US$ 1 bilhão em fevereiro. A expectativa era que esse mercado ganhasse mais força após o fim da divulgação dos resultados corporativos referentes ao quarto trimestre de 2022. No entanto, ocorreu uma piora do contexto internacional, decorrente do colapso de bancos nos Estados Unidos.

Em geral, as primeiras companhias a ir a mercado devem ser emissoras de maior porte e que já são conhecidas dos investidores.

“Os emissores frequentes são nomes conhecidos. É mais concentrado nos exportadores, como empresas de petróleo, celulose, e ligadas ao minério e, depois os bancos”, destaca Casarotto.



Fonte: https://www.osul.com.br/a-captacao-no-exterior-de-225-bilhoes-de-dolares-feita-pelo-tesouro-nacional-pode-dar-maior-visibilidade-e-abrir-portas-para-as-ofertas-de-empresas-brasileiras/
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