Radares da Força Aérea Brasileira (FAB) mostram o trânsito de aviões de garimpeiros que circulam ilegalmente em pistas clandestinas da Terra Indígena Yanomami. Os vídeos mostram flagrantes de aviões que pousam e decolam, assim como as ações da operação de combate ao garimpo ilegal explodindo as aeronaves. Durante a Operação Yanomami, que completou dois meses, a FAB identificou diversos garimpos ativos e inativos e pistas de pouso clandestinas.
Imagens noturnas no território também são captadas pelos radares. Com isso, a FAB consegue detectar os acampamentos montados pelos invasores. As atividades se intensificaram após o fechamento do espaço aéreo para saída voluntária de garimpeiros na quinta-feira (6).
O frete aéreo é o modo mais caro para se acessar os garimpos instalados na floresta. Os garimpeiros comentam que atualmente os voos clandestinos custam R$ 15 mil por pessoa – antes, custavam R$ 11 mil.
Os locais de atuação do garimpo são identificados de cima, e essas informações são repassadas aos agentes da Polícia Federal, do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), que atuam juntos para expulsar os invasores.
O ciclo de geração de conhecimento de inteligência envolve a coleta de dados, o processamento de imagens e a produção de relatórios. Uma vez identificados os alvos de interesse, as informações são repassadas para a Polícia Federal e Ibama que passam a atuar no local.
Após a neutralização, as informações são enviadas ao Comando Conjunto que analisa novamente o ciclo de inteligência, passando a monitorar a reativação de ações de extração mineral ilegal, segundo a Força Aérea.
Durante as ações de monitoramento, dois pilotos foram presos com uma aeronave adulterada. Eles foram presos em flagrante na quinta-feira (6) e liberados pela Justiça no mesmo dia. A aeronave foi destruída por agentes do Ibama.
Espaço aéreo
Na quinta-feira (6), a FAB fechou os corredores aéreos para saída voluntária de garimpeiros da Terra Indígena Yanomami por voos privados. Com o fim do período, o controle do espaço aéreo foi retomado e ele foi fechado.
Os voos privados estavam liberados desde o dia 6 de fevereiro como maneira de garantir uma saída ordenada dos garimpeiros ilegais.
Antes disso, o presidente Lula (PT) determinou o controle do espaço aéreo na região, como forma de combater o garimpo ilegal e impedir a chegada de equipamentos ilegais e garimpeiros.
Com a volta do controle aéreo, as aeronaves que descumprirem as regras estabelecidas nas áreas determinadas pela Força Aérea, estarão sujeitas às Medidas de Proteção do Espaço Aéreo (MPEA).
Agora, com o fim dos voos privados, os garimpeiros só podem sair do território pelos rios. No dia 12 de fevereiro, o governo federal liberou o acesso pelos rios para que barqueiros retirem os invasores.
Terra Yanomami
Maior território indígena do país, a Terra Yanomami enfrenta uma crise humanitária sem precedentes, com casos graves de indígenas com malária e desnutrição severa – problemas agravados pelo avanço de garimpos ilegais nos últimos quatro anos.
Desde o dia 20 de janeiro, a Terra Yanomami está em emergência de saúde pública devido ao cenário de desassistência. Desde então, o governo Federal atua para frear a crise com envio de profissionais de saúde, cestas básicas e desintrusão de garimpeiros do território.
Fiscalização
Agentes da Força Nacional, Ibama, Fundação Nacional dos Povos indígenas (Funai), Ministério da Defesa e Polícia Federa atuam na Terra Yanomami contra garimpeiros ilegais desde 6 de fevereiro.
A fiscalização ocorre para retomar o controle da região, com foco na destruição de toda estrutura usada pelos garimpeiros e para interromper o envio de suprimentos para o garimpo e o possível escoamento do minério extraído ilegalmente.