Foi publicado no Diário Oficial de terça-feira (11) a exoneração do general Gustavo Henrique Dutra de Menezes, que estava à frente do Comando Militar do Planalto (CMP) no dia dos ataques extremistas de 8 de janeiro. O militar estava afastado do cargo desde o dia 16 de fevereiro, mas só foi deixou oficialmente o posto um dia antes de seu depoimento à Polícia Federal (PF), que era nessa quarta-feira (12).
Entre os nomes, há PMs da ativa e da reserva, além de integrantes das Forças Armadas e um bombeiro suspeito de financiar os ataques antidemocráticos
Desde seu afastamento, Dutra passou a ocupar o cargo de subchefia no Estado-Maior do Exército (EME).
A troca de lotação chegou a ser divulgada em um informativo interno Exército, mas ainda precisa ser chanceladas pelo Palácio do Planalto e publicadas no Diário Oficial da União, o que aconteceu na terça. A decisão foi tomada após uma reunião do Alto Comando e a movimentação teve como objetivo dirimir os pontos de atritos com o entorno do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
A troca no Comando Militar do Planalto aconteceu já que integrantes do Palácio do Planalto acreditavam ter havido uma leniência do general com os golpistas que ficaram acampados na frente do Quartel-General. Ao militar, também é atribuída a decisão de não retirar os vândalos que retornaram ao local após a invasão do Congresso, Planalto e Supremo Tribunal Federal. Na ocasião, o general alegou que uma ação noturna para prender as pessoas poderia terminar em violência. Ele citou que havia mulheres, crianças e idosos entre os manifestantes.
Depoimentos
A Polícia Federal ouviu, nessa quarta, 81 militares sobre os atos golpistas do dia oito de janeiro.
Os depoimentos duraram o dia todo. A PF ouviu integrantes das Forças Armadas e do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, o GSI. A PF investiga eventuais crimes cometidos por militares na invasão dos prédios públicos por manifestantes radicais em janeiro.
Durante a investigação, policiais militares já tinham indicado a omissão e até a possível participação de integrantes do Exército e do GSI nos atos.
Um dos que prestaram depoimento nessa quarta foi o coronel Jorge Fernandes da hora, que comandava o Batalhão da Guarda Presidencial.
Ele aparece em um vídeo discutindo com oficiais da tropa de choque da PM que agiam para prender os invasores dentro do Planalto. De acordo com autoridades que acompanham o caso, no depoimento, que durou seis horas, o tenente-coronel disse que não fez nada fora do normal e que a situação já havia sido controlada pelo batalhão.
Outros militares afirmaram em depoimento que durante a invasão ao planalto, o GSI deu ordens desconexas. Primeiro, apenas para retirar os invasores. E que, só num segundo momento, de acordo com esses militares, a ordem foi para prender.