Foi sepultado às 15h deste sábado (15) no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre, o corpo da delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Combate à Intolerância. A policial civil faleceu na tarde de sexta-feira, uma semana após completar 42 anos, vítima de complicações de um câncer no intestino descoberto em 2019. Ele deixa o marido (também delegado) e um casal de filhos com 8 e 10 anos.
Andrea estava na corporação desde 2010. Sua atuação na unidade especializada no atendimento a vítimas de discriminação fez com que recebesse, no dia 5 de abril, a medalha do Mérito Farroupilha, maior honraria concedida pela Assembleia Legislativa.
Mesmo debilitada pelo tratamento quimioterápico e pelas metástases da doença, ela compareceu à cerimônia em ótimo humor, acompanhada de colegas, amigos e familiares. Seu discurso foi marcado pela defesa do conhecimento e da empatia como formas de combate ao preconceito. “Até mesmo, que trabalho com isso, precisei mudar meu pensamento a respeito de uma série de coisas”, declarou na ocasião.
A iniciativa da homenagem partiu do deputado estadual Leonel Radde (PT), também agente da corporação e que neste fim de semana se despediu da colega por meio de mensagens emocionadas nas redes sociais. “Que seu exemplo de vida e seu trabalho nos sirvam de farol para sempre. Sinto demais a tua falta”, escreveu o parlamentar em postagem após o sepultamento.
O governador Eduardo Leite também havia se manifestado logo após a morte da delegada: “Recebo com profunda tristeza a notícia da morte da delegada Andrea Mattos, titular da Delegacia de Combate à Intolerância de Porto Alegre, criada em 2020, durante o nosso primeiro mandato. Ela deixa um legado de firme defesa aos direitos humanos.”
Trajetória
Nascida em Campo Grande (MS), Andrea era graduada em Direito e ingressou na Polícia Civil gaúcha como delegada na turma de 2010. O início se deu como plantonista em Cruz Alta, antes de chegar a Porto Alegre no ano seguinte 2011 para trabalhar na Delegacia de Pronto Atendimento.
Em 2013, passou a comandar a 6ª Delegacia de Polícia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DPHPP). Nos anos seguintes também trabalhou na Secretaria de Segurança Pública (SSP) e foi diretora da Divisão de Planejamento e Coordenação da Polícia Civil.
Sua carreira teve projeção ainda maior em 2019, ao assumir o Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis e, em dezembro 2020, a então recém-criada Delegacia de Combate à Intolerância do Estado do Rio Grande do Sul.
A unidade passou a responder pela investigação de crimes de preconceito e discriminação em função de cor, raça, etnia, religião, orientação sexual, identidade de gênero e deficiência. Os casos de maior repercussão incluíram o caso de injúria racial ao cantor carioca Seu Jorge durante show em Porto Alegre.
(Marcello Campos)