Pesquisadores da Universidade de São Paulo estão usando drones, inteligência artificial e modelagem 3D para monitorar áreas de reflorestamento na Amazônia e na Mata Atlântica. Uma área de Mata Atlântica está sendo reflorestada em Atibaia, interior de São Paulo, e o crescimento das mudas é monitorado de perto por uma ONG.
“A gente está acompanhando as espécies que vão se desenvolvendo aqui. A gente vai dar um espacinho de luz, a gente traz a matéria orgânica para evitar o solo exposto. Então, a gente faz três vezes por semana esse acompanhamento”, explica a engenheira ambiental Valentina Fragata.
De cima, o drone consegue mapear em minutos o que os ambientalistas levariam semanas para medir. A coleta das imagens faz parte uma pesquisa da Universidade de São Paulo (USP) com apoio da Universidade Federal de Goiás, da Embrapa e ONGs de defesa do meio ambiente.
Além de permitir uma visão ampla da área de reflorestamento, captando imagens detalhadas do alto, esse é um sobrevoo inteligente. Com a ajuda do drone é possível chegar a um diagnóstico mais rápido e mais preciso da recuperação da floresta. Dá para dizer, por exemplo, se a mata está crescendo de forma adequada.
As imagens vão para o laboratório do Instituto de Energia e Ambiente da USP. As fotos sobrepostas formam um mapa 3D da área. Os pesquisadores usam a inteligência artificial para obter várias informações, como a altura das árvores, a distância entre elas e quais pontos estão em risco.
“Eu descarrego os dados do drone no computador, consigo pegar esse mapa 3D e tenho, para cada latitude e longitude, o valor de altura dos objetos. E essa nuvem de pontos, por ser 3D, eu consigo pegar também a declividade da área”, conta pesquisador Rafael Walter de Albuquerque.
O pesquisador também já conseguiu desenvolver um programa que identifica duas espécies de árvores da Amazônia: a Lacre e a Embaúba. Elas indicam como anda a saúde da floresta. Quando o drone encontra mais embaúbas é sinal de que o reflorestamento vai bem. É a mesma técnica do reconhecimento facial, só que com a árvore.
“A tecnologia que está rodando aqui por trás é aquela que todo mundo já viu quando foi tirar uma foto, por exemplo. A gente nota um retângulo passando em volta dos rostos do pessoal que está na foto. Essa mesma tecnologia de reconhecimento facial foi aplicada aqui, justamente para a gente tornar o nosso trabalho mais eficiente e mais rápido”, explica Rafael.
O diretor da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, diz que os drones podem ajudar na recuperação dos biomas brasileiros: “A gente precisa de tecnologia para coletar semente para produzir muda, para monitorar, para diminuir o custo. Plantar floresta tem que ser algo como plantar milho ou plantar cana ou café. Tem que ter o mesmo nível de tecnologia para a gente ter eficiência também, com ganhos ambientais que a gente precisa. São necessários e urgentes”.