22/04/2023 às 21h04min - Atualizada em 23/04/2023 às 00h00min

Presidente do Banco Central do Brasil usa como exemplo a Argentina, com inflação de 100% ao ano, para manter a Selic elevada em nosso País

Presidente do Banco Central do Brasil usa como exemplo a Argentina, com inflação de 100% ao ano, para manter a Selic elevada em nosso País - Jornal O Sul

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O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, reforçou que a autoridade monetária é um órgão técnico e que as decisões tomadas são baseadas em critérios técnicos e transparentes. Nos últimos meses, o BC vem sendo alvo críticas devido ao elevado patamar de juros no País.

“O timing técnico é diferente do timing político e é por isso que a autonomia é importante para dar à sociedade a garantia de que a gente tem funcionários técnicos tomando decisões técnicas, sem viés político. O custo de combater a inflação é alto e é sentido primordialmente no curto prazo, mas o custo de não combater a inflação é muito mais alto e perene”, afirmou Campos Neto, durante o UK Brazil Conference, promovido pelo Grupo de Líderes Empresariais (Lide) em Londres.

Durante apresentação de um pouco mais de 20 minutos, o presidente do BC aproveitou para rebater algumas críticas que tem recebido. Ele destacou que, se a autoridade monetária não tivesse agido rápido e elevado fortemente os juros mesmo em ano eleitoral, a inflação no país estaria em um patamar mais elevado. Ele disse que, se os juros não tivessem subido no país, a inflação neste ano não seria em 5,8% e sim 10%, ainda destacou que a inflação esperada para o ano que vem estaria em 14%

“Teríamos que estar com juros 18,75% para ter o mesmo o objetivo e muito provavelmente teríamos que subir os juros para o ano que vem colocando o Brasil em recessão de alguma coisa entre 3% e 4%, que foi o que aconteceu na última vez que o Brasil tentou cair os juros sem ter condições de credibilidade”, destacou.

Campos Neto ainda mostrou que países como Argentina e Turquia abandonaram o regime de meta de inflação e entraram num ciclo de inflação muito alta. Na Argentina, a inflação disparou e a sociedade está pagando a conta. Na Turquia, a moeda desvalorizou mais de 100%, a inflação está em torno de 70%, mesmo em um cenário de juro negativo.

“Para aqueles que acham que juros negativos é sinal de um país saudável e de crédito abundante basta olhar para a Turquia. Tem juro (real) negativo, não tem crédito abundante, não é saudável e foi um dos maiores aumentos dos índices de pobreza dos últimos tempos”, destacou, acrescentando que o juro real no Brasil é alto, mas é menor que a média dos últimos anos e que é preciso trabalhar para diminuir essa taxa.

Demanda

Nomeado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, Campos Neto reforçou que a inflação no Brasil tem muito do componente de demanda, se comparado com de oferta. “É importante dizer que mesmo que fosse [inflação] de oferta, o BC tem o dever de combater os efeitos secundários, quando os efeitos de inflação de oferta se propagam na cadeia”, frisou. O presidente do BC afirmou ainda que a inflação de mercado vinha caindo, mas nos últimos dias “ela deu uma volta com o anúncio com texto do arcabouço”. “Ainda está no nível ainda bem abaixo do pico que nós tivemos ali no momento de maior incerteza”, disse.

Ele destacou que as empresas e ricos se adaptam rapidamente à inflação mais alta, enquanto os pobres não, o que pretende tratar com mais detalhamento em audiência que deve participar no Congresso Nacional. “A inflação é um grande instrumento de desigualdade e aumento da pobreza”, destacou.



Fonte: https://www.osul.com.br/presidente-do-banco-central-do-brasil-usa-como-exemplo-a-argentina-com-inflacao-de-100-ao-ano-para-manter-taxa-basica-de-juros-elevada-em-nosso-pais/

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