O general da reserva Gonçalves Dias, que ocupava o cargo de ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) até a última quarta-feira (19) disse que teria prendido o agente do órgão que ofereceu água a um dos invasores do Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, mas que não estava no local na hora do fato.
Gonçalves Dias prestou depoimento à Polícia Federal nesta sexta-feira (21), na sede da corporação em Brasília, para explicar o que estava fazendo na sede do Executivo federal no dia das invasões e do quebra-quebra realizado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Na última quarta-feira (19), imagens do circuito interno de segurança do Palácio do Planalto mostrou a movimentação de Gonçalves Dias e de outros agentes do GSI no local. O general da reserva aparece em câmeras instaladas no terceiro andar, próximo ao corredor que leva ao gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Em um determinado momento, ele abre a porta de um corredor para os invasores e parece mostrá-los o caminho até uma saída de emergência.
Gonçalves Dias foi questionado sobre sua conduta naquele momento e disse que “não tinha condições materiais de, sozinho, efetuar a prisão das 3 pessoas ou mais que encontrou no 3º e 4º andares”. Ele disse aos agentes da PF, ainda, que um dos invasores “encontrava-se altamente exaltado”.
O ex-ministro do GSI disse, ainda, que estava fazendo “gerenciamento de crise” no local e que o protocolo era de conduzir as pessoas que estavam no segundo e terceiro pisos do Palácio até o segundo andar.
“Essas pessoas seriam presas pelos agentes de segurança no segundo piso tão logo descessem”, contou Gonçalves Dias no depoimento.
Água para invasor
Em outro momento dos registros, o major do Exército José Eduardo Natale de Paula Pereira, identificado pelo próprio ex-ministro em seu depoimento, aparece oferecendo água a um dos invasores. Sobre este episódio, Gonçalves Dias disse que não estava presente no momento e que o contexto deve ser avaliado, mas que teria “prendido” o militar caso tivesse presenciado a cena.
“Que indagado a respeito de o major José Eduardo Natale de Paula Pereira haver entregue uma garrafa de água a um dos invasores; que deve ser analisado pelas circunstâncias do momento os motivos do major, mas que, se tivesse presenciado, o teria prendido”, diz trecho do depoimento do militar à Polícia Federal.
Falha
O general da reserva também foi questionado sobre o funcionamento do sistema de inteligência do governo federal para evitar as ações ocorridas no dia 8 de janeiro. Ele disse, em depoimento, que o sistema não funcionou e que não teve acesso a informações para tomada de decisões.
“Que indagado se o declarante entende se houve apagão da inteligência, respondeu que acredita que houve um ‘apagão’ geral do sistema, pela falta de informações para tomada de decisões”, diz outro trecho do depoimento.
Demissão
O general da reserva do Exército, Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo de ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), na tarde desta quarta-feira (19). O pedido para deixar o cargo saiu após uma reunião do militar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) na tarde desta quarta-feira (19).
A situação da permanência do general da reserva no cargo se tornou insustentável para o governo depois que ele imagens internas do Palácio do Planalto, divulgadas pela CNN Brasil mais cedo, mostram o militar dentro da sede do Poder Executivo em meio aos invasores, no dia 8 de janeiro.