25/04/2023 às 09h17min - Atualizada em 25/04/2023 às 09h17min

Padre vende a igreja e revolta comunidade de Pelotas

Fonte: GZH.

Moradores da Vila da Palha, uma das mais antigas e tradicionais localidades de Pelotas, foram surpreendidos no início do ano com uma inusitada transação imobiliária. A Igreja Nossa Senhora Aparecida, erguida pela comunidade em 1980, foi vendida pela Mitra Arquidiocesana por R$ 40 mil.
 

O antigo templo católico agora está sendo transformado em residência familiar. Comprado por um casal de moradores da vila com uma entrada de R$ 5 mil e promessa de 350 parcelas mensais de R$ 100, o prédio já não guarda mais as características religiosas, como a cruz e ornamentos sacros. A fachada foi pintada, paredes foram erguidas e o banheiro, reformado. O salão onde antes foram celebradas milhares de missas, catequeses, batizados e casamentos está prestes a se tornar sala de estar.

 

Uma imagem de Nossa Senhora Aparecida, duas pequenas capelas de novena, um estandarte e uma bandeira do Divino Espírito Santo foram recolhidos pelos fieis. Os objetos estão sob guarda da aposentada Eloá Fonseca Rodrigues, que de 1982 a 2016 foi coordenadora da paróquia, auxiliando os sucessivos padres em todas as atividades religiosas.

— Venderam de porta fechada. Chegou um freteiro e levou duas charretes carregadas com altar, bancos, mesas e outros acessórios. Disseram que poderiam pegar ou então iriam se desfazer — conta Eloá, de 74 anos.

Nos anos 1980, a comunidade se organizou para construir o templo. Registros mantidos pelos moradores mostram pagamentos de mensalidade entre R$ 3 e R$ 10, conforme a disponibilidade financeira de cada um. Um dos construtores foi Aldemar Rodrigues, 80 anos, que trabalhava em empresas de beneficiamento de arroz e nas férias erguia as paredes do prédio de 50 metros quadrados.

— O pessoal da Mitra nunca me deu um quilo de cimento, não me alcançou nem um copo d’água. Por isso a gente sofre tanto com essa venda, porque foi construído com o nosso suor — desabafa Rodrigues.

A negociação foi concretizada em janeiro e teria ocorrido sem qualquer aviso prévio. Segundo relatos dos moradores, nem mesmo no grupo de WhatsApp da comunidade houve anúncio formal de que o imóvel estava à venda.

— A igreja estava fechada por causa da pandemia. Mas no início do ano começou uma boataria de que estariam querendo vender. Quando a gente foi procurar o pároco, disseram que já estava vendida. Fomos atrás do bispo (Dom Jacinto Bergmann), mas ele nem quis falar conosco, isso que recém tinha rezado uma missa sobre compaixão — reclama a faxineira Karina Swenson Pereira.


Fonte: GZH.


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