Caciques do PT já têm em mãos a lista de deputados e senadores que pleiteiam o direito de participar da CPI do 8 de janeiro e duelar contra a tropa de choque montada por bolsonaristas. Na Câmara, onde o partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva terá direito a duas vagas, Lindbergh Farias (RJ), Rubens Pereira Junior (MA) e Rogério Correia (MG) disputam os postos.
Dois deles serão escolhidos titulares, enquanto caberá a um terceiro a suplência. A segunda suplência da Câmara caberá a um indicado pelo PCdoB, partido que compõe junto com o PV a federação capitaneada pelos petistas. Governistas dão como certa a participação de Jandira Feghalli (RJ) nesta vaga.
Situação parecida pode ser vista no Senado, onde Fabiano Contarato (ES) e Humberto Costa (PE) pediram para participar da CPI. Embora ainda não tenha colocado o seu nome, lideranças do partido dão como certo o pedido do senador Jaques Wagner (BA). A definição do PT será feita na próxima semana. Alguns dos caciques, como o líder petista na Câmara, Zeca Dirceu (PR), ainda estão em viagem oficial à Espanha, acompanhando Lula.
Manobra governista
Líder do governo no Congresso, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) manobrou para garantir à base do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) mais uma cadeira reservada ao Senado na CPMI dos Ataques Golpistas e evitar que o posto coubesse a um opositor. Para isso, Randolfe retirou o seu partido do Bloco Democracia, que contava com o PSDB, Podemos, MDB, União e PDT, e passou para o Bloco Resistência Democrática, que inclui o PT, PSB e PSD.
A manobra não repercutiu bem entre os opositores do governo. Randolfe confirmou que a mudança de bloco no Senado teve o objetivo de fortalecer o governo na CPMI dos Ataques Golpistas. Antes da saída de Randolfe do bloco, o governo temia que as cadeiras reservada ao antigo bloco do senador fossem absorvidas por nomes de oposição e de centro.
Com a nova composição partidária, tanto o Bloco Democracia quanto o Resistência Democrática garantem, cada um, seis vagas na CPI dos atos do dia 8 de janeiro. Esse dois grupos compõe a base do governo no Senado. Os demais partidos terão direito, somados, a quatro cadeiras: duas delas ficarão com o blocos Aliança (PP e Republicanos) e outras duas com o Vanguarda (PL e Novo).
Com apoio do governo e da oposição, o Congresso deu o pontapé inicial à Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) dos Ataques Golpistas. O presidente da Casa, o senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), fez a leitura do requerimento que cria o colegiado na sessão dessa quarta-feira (26), após o governo mudar de postura e passar a apoiar a investigação.
Antes de iniciar a sessão, Pacheco disse que seria possível iniciar os trabalhos na próxima semana e que seria necessário “pacificar” e “conter o tumulto”. Agora, para ser instalada, os líderes de cada partido devem indicar quais deputados e senadores vão participar do colegiado. Na primeira sessão é quando o presidente e o relator serão nomeados. Ainda não há data definida para isso acontecer.
O colegiado deve ser palco de debates acaloradas reproduzindo a polarização das urnas entre bolsonaristas e a esquerda. O objetivo do colegiado é esclarecer quem foram os responsáveis pelos atos de 8 de janeiro, quando golpistas invadiram e depredaram os prédios da Praça dos Três Poderes em Brasília.