29/04/2023 às 23h32min - Atualizada em 30/04/2023 às 00h03min

Presidente do Partido Republicanos ironiza a entrega de nove ministérios para três partidos que não estariam votando com o governo

Presidente do Partido Republicanos ironiza a entrega de nove ministérios para três partidos que não estariam votando com o governo - Jornal O Sul

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Vice-presidente da Câmara e presidente nacional do Republicanos, o deputado federal Marcos Pereira (SP) classifica como “gelatinosa” a base de sustentação do governo, garante que seu partido não fará parte dela e  Executivo. Para ele, as dificuldades de montar um grupo governista mais sólido são do “maestro Lula”. “O responsável é o presidente, não tenho dúvida”, afirma.

Nem a provável filiação da ministra do Turismo, Daniela Carneiro, ao Republicanos deve mudar esse cenário. Pereira reconhece que parte dos deputados busca aproximação com o governo, mas argumenta que os senadores do partido são oposição e que a sigla quer lançar candidato à Presidência da República em 2026 num campo oposto ao PT.

Por causa disso, a legenda manterá independência no Legislativo e só votará a favor das pautas com as quais concordar. Em entrevista exclusiva ao Valor, ele defendeu ajustes no projeto do novo marco fiscal, está contra os decretos que mudaram o marco legal do saneamento básico para permitir a contratação de estatais sem licitação e deve indicar deputados mais alinhados à oposição para a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos golpistas. “É óbvio, não tenho dúvida que parte do governo sabia que teria manifestações violentas. […] Então, não pode apurar um lado só”, diz.

Em uma pauta, contudo, o partido está alinhado aos petistas: a aprovação de proposta de emenda constitucional (PEC) para anistiar irregularidades na distribuição do fundo eleitoral para candidatas mulheres e negros. “São regras legítimas, mas que, na prática, são inexequíveis”, justifica.

O presidente do Republicanos defende o apoio à reeleição do prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e diz que o governador Tarcísio Freitas (Republicanos) pode se tornar um presidenciável em 2026, se o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) estiver inelegível, mas que vê como mais natural que primeiro concorra à reeleição e que só entre na disputa se as pesquisas mostrarem que este é um desejo dos paulistas. Ele lembra que três governadores de São Paulo tentaram recentemente à Presidência e fracassaram.

A seguir os principais pontos da entrevista do deputado federal para o jornal O Valor:

1. Para a eleição de 2026, o projeto é lançar o Tarcísio como candidato à Presidência? A intenção é ter candidato. Entre o que a gente objetiva e o que a gente consegue realizar tem uma construção a ser feita. Temos pelo menos três possíveis candidatos, se bem construídos, porque têm projeção nacional. Não falei com eles sobre isso ainda, mas os senadores [Hamilton] Mourão e Damares [Alves] podem ser. O Tarcísio, óbvio, seria o principal nome, mas vejo como mais natural ele ser candidato à reeleição porque os outros que tentaram esse caminho não tiveram sucesso. O [José] Serra saiu ainda no primeiro mandato de governador para tentar ser candidato e perdeu [a eleição]. O Geraldo [Alckmin] tentou duas vezes ao fim do segundo mandato e também não conseguiu. O [João] Doria nem candidato conseguiu ser. Portanto, temos que tomar cuidado com esse negócio de “Tarcísio, Tarcísio, Tarcísio”.

2. A base de sustentação do Lula foi mal construída? Me causou surpresa. Com a experiência que o presidente Lula tem na política, montar o ministério da forma que ele montou…. a maior surpresa foi pegar o ex-governador Waldez Góes, que é um quadro histórico de um partido [PDT], e dizer que ele ia se licenciar para representar outro partido como ministro [do Desenvolvimento Regional, pelo União]. Isso não existe, né?

3. Passados 100 dias do governo, qual sua avaliação? Não está funcionando como deveria. Eu esperava, como brasileiro, que eles pudessem ir melhor. Pela experiência do presidente Lula, de alguém que já conhece a máquina pública, de um partido que já governou o país quatro vezes. Não sei o que está acontecendo para estar tão desorganizado. Não sou governo, não tenho ideia. Não vou no Palácio [do Planalto] desde antes da eleição… a última vez que falei com o presidente Lula foi na PEC da Transição, por telefone.

4. Qual a linha de atuação do Republicanos na CPMI dos atos golpistas de 8 de janeiro? Ainda não decidimos quem serão os membros, não sabemos se vamos ter um ou dois representantes da Câmara. Nossa tendência é indicar quem subscreveu o pedido de CPI porque tem interesse no tema. Sobre a linha de investigação, temos que ir atrás da verdade, seja de um lado, seja de outro. É óbvio, não tenho dúvida, que parte do governo sabia que teria manifestações violentas. Isso já está claro. Por que não se preparou antes, só tinha 30 agentes no Palácio no dia? Então, não pode apurar um lado só.



Fonte: https://www.osul.com.br/presidente-do-partido-republicano-ironiza-a-entrega-de-nove-ministerios-para-tres-partidos-que-nao-estariam-votando-com-o-governo/

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