A primeira assembleia da Americanas (AMER3) após a explosão da crise contábil terminou sob protestos dos acionistas minoritários. De acordo com as informações divulgadas, os acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira tomaram uma atitude às pressas, o que desagradou os demais investidores.
Segundo a reportagem, o trio de investidores impôs um outro nome de última hora para o conselho fiscal, sendo que o candidato defendido pelos minoritários era o do advogado Luiz Nelson Porto Araújo, que foi voto vencido.
“Eles engoliram a nossa indicação para o conselho de administração, mas chegaram com uma indicação de última para o conselho fiscal. Eles suspenderam a assembleia por três vezes, não quiseram engolir a nossa indicação para o conselho fiscal”, afirmou o empresário Silvio Tini de Araújo, acionista minoritário da Americanas e de outras empresas como Alpargatas (ALPA4) e Gerdau (GGBR4).
Eles nos colocaram no buraco. Agora eles que nos tirem do buraco.
Segundo informações, o encontro começou calmo, mas terminou sob protestos e com a reunião suspensa. Ao longo da assembleia, os detentores de ações da Americanas aprovaram a retificação do plano de recuperação judicial e recusaram a elevação do número de membros do conselho de sete para oito.
Na pauta da assembleia da Americanas, estavam os seguintes temas:
– Aprovação das contas dos administradores;
– Conselho de Administração e do Conselho Fiscal: definição dos membros e remunerações;
– Desdobramentos referentes ao pedido de recuperação judicial;
A varejista está em recuperação judicial com débitos que ultrapassam a casa dos R$ 40 bilhões. A crise contábil na Americanas explodiu no começo do ano, quando Sérgio Rial, então CEO da varejista, revelou ter encontrado inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões.
Em uma audiência no Senado Federal no mês passado, o atual CEO da varejista, Leonardo Coelho Pereira, disse que o plano de recuperação judicial da Americanas é “muito melhor” que o de outras empresas do varejo que já passaram por situação parecida.
“Mencionei que o plano da Americanas é melhor que o da média do varejo, e a razão para isso é que ele partiu, logo do começo, com uma estrutura de liquidez de mais ou menos R$ 1 bilhão, com mais duas possíveis transferências de R$ 500 milhões, que tem ajudado a Americanas a passar por essa fase mais crítica”, detalhou Pereira em alusão ao empréstimo DIP feito pelos acionistas de referência.