Responsável pela pressão que levou à instalação da CPI do MST, a Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) agora negocia para que seus integrantes ocupem a maioria das 27 vagas disponíveis no colegiado. Para isso, tem procurado os líderes de partidos para que indiquem nomes que fazem parte da chamada bancada ruralista.
Sem prazo até o momento para que a CPI seja instalada, a FPA já dá como certa que conseguirá emplacar o deputado Coronel Zucco (Republicanos-RS) na presidência, enquanto a relatoria caberá a outro membro: o ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles (PL-SP).
Alvo da resistência dos governistas, o acordo para a indicação dos dois passou por reuniões feitas entre o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), e líderes dos seus respectivos partidos. Além do poder de pautar e ditar o ritmo na CPI, a bancada ruralista, contudo, apresentou aos partidos — até mesmo aqueles que contam com ministérios — os nomes preferidos que querem ver nas fileiras da comissão.
Ao PP de Lira, por exemplo, foi pedida a indicação de Evair de Melo (ES), vice-presidente da FPA, enquanto ao União Brasil foi solicitada a participação de Kim Kataguiri (SP).
Além de Salles, o PL de Jair Bolsonaro deverá indicar Rodolfo Nogueira (MS) e Zé Trovão (SC). Outros nomes ainda disputam as duas vagas restantes às quais o partido do ex-presidente terá direito. Enquanto isso, foi pedido ao MDB para que escolhesse Alceu Moreira (RS), ex-presidente da bancada ruralista. A projeção interna do grupo é que tenha acertada a participação de ao menos 11 dos seus membros no colegiado até o fim da semana.
Palco da oposição
A avaliação é que com a CPI dos Ataques Golpistas dominada por governistas, a comissão que investigará as invasões feitas pelo MST durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) será “o principal palco da oposição”.
A Frente Parlamentar Agropecuária pretende disponibilizar toda a equipe técnica do Instituto Pensar Agropecuária (IPA), que conta com advogados, técnicos legislativos e assessores variados, para auxiliar os parlamentares .
Questionado sobre a possibilidade de ter Zucco e Salles à frente da CPI do MST, o líder da bancada do PT na Câmara, Zeca Dirceu (PR), se limitou a dizer que “não seria o ideal”. Já o presidente do Republicanos, Marcos Pereira, ao ser perguntado sobre a resistência da base de Lula a Zucco, disse “não ver problemas”.
O receio principal de lideranças do MST é que o presidente e o relator criem uma narrativa para criminalizar o movimento. As ocupações promovidas pelo MST neste início de ano têm gerado mobilização negativa contra o governo Lula nas redes sociais.
Em outra frente, os sem-terra planejam ainda recorrer à Justiça para barrar a CPI com a alegação de falta de objeto específico. O argumento é que o requerimento pede a investigação do movimento em si, e não de uma ação específica que tenha sido praticada.