O dólar à vista encerrou a sessão em alta nesta segunda-feira (29), em meio a uma liquidez mais baixa nas negociações devido aos feriados nos Estados Unidos e no Reino Unido. A agenda de divulgação de indicadores econômicos seguiu esvaziada, com destaque apenas para o relatório Focus, que trouxe mais uma vez uma redução nas expectativas de inflação para este ano.
Os investidores seguiram acompanhando o noticiário sobre a tramitação do novo marco fiscal aqui no Brasil, enquanto aguardavam mais detalhes da negociação para elevação do teto da dívida americana.
O dólar comercial fechou a sessão com valorização de 0,49%, a R$ 5,0124, depois de ter atingido a mínima de R$ 4,9738 e a máxima de R$ 5,0164. Perto das 17h, o contrato futuro da moeda americana para junho avançava 0,28%, a R$ 5,0160. Da abertura das negociações até as 17h, o giro do contrato futuro estava perto de 138 mil contratos, enquanto a média das últimas cinco sessões foi de algo perto de 268 mil contratos no mesmo intervalo, indicando a baixa liquidez na sessão devido aos feriados no exterior.
Também perto desse horário, o índice DXY, que mede a força do dólar contra uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, operava em alta de 0,07%, a 104,283 pontos. De uma lista de 33 divisas, o real aparecia entre as dez com pior desempenho frente à divisa americana, ao lado de pares como peso chileno, peso argentino e florim da Hungria. O peso mexicano, peso colombiano e o rand sul-africano seguiam na direção oposta.
“Hoje vamos ver reações mais exacerbadas por conta dessa liquidez menor. Então, qualquer movimento de entrada ou de saída deve ter um impacto maior no nosso câmbio”, disse Eduardo Moutinho, analista da Ebury.
Continuidade
Moutinho aponta ainda que o movimento de hoje é uma extensão do que vinha ocorrendo em sessões anteriores, com o fortalecimento do dólar de forma global à medida em que os mercados ajustam a precificação sobre o ciclo de juros nos Estados Unidos.
“No começo da semana passada, a chance de mais uma alta de 0,25 ponto percentual nas taxas de juros nos Estados Unidos era de pouco mais de 20%, enquanto no fim da última semana isso subiu para mais de 60%. Saímos de uma precificação de pausa e cortes para uma precificação de alta. Isso junto de comentários mais hawkish [favorável ao aperto monetário] de membros do Federal Reserve [Fed, o banco central americano].”
No cenário doméstico, os agentes financeiros continuam atentos às negociações e na tramitação do novo marco fiscal, agora no Senado. Para o diretor executivo e chefe da área de investimentos da Nomad, Caio Fasanella, mesmo com alguma incerteza sobre os acertos do governo com o Congresso, o novo marco fiscal deve seguir para aprovação. “Podemos ver ao longo da curva de juros um comportamento mais baixo do que o observado no começo do governo, em parte por conta da menor apreensão com a questão fiscal.”