31/05/2023 às 22h33min - Atualizada em 01/06/2023 às 06h02min

Ministra Marina Silva citou uma série de projetos de transição em preparo no governo e disse que “é nas contradições que ocorrem os avanços”

Ministra Marina Silva citou uma série de projetos de transição em preparo no governo e disse que "é nas contradições que ocorrem os avanços" - Jornal O Sul

Jornal O Sul
https://www.osul.com.br/ministra-marina-silva-citou-uma-serie-de-projetos-de-transicao-em-preparo-no-governo-e-disse-que-e-nas-contradicoes-que-ocorrem-os-avancos/

A ministra Marina Silva evitou a polêmica da votação da MP que organiza o governo Lula ao falar, de modo virtual, em evento no Insper, em São Paulo. A medida provisória desidrata a pasta ambiental e retira do Ministério dos Povos Indígenas a demarcação dos territórios.

“Estamos vivendo um momento difícil, e momentos difíceis são para ser superados. O governo tem contradições, mas é nas contradições que ocorrem os avanços e as novas sínteses”, disse Marina.

“O presidente Lula disse que iremos trabalhar até o último momento para preservar as atribuições do Ministério do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas, e continuar com o propósito de que essas políticas estão no coração do governo”, reforçou.

“Vamos trabalhar para que o Brasil seja o país da transição energética, da transição para uma agricultura de baixo carbono, e vamos ser grandes exportadores de sustentabilidade”, seguiu.

No caso da agricultura, disse, “isso é perfeitamente possível”, seguiu, comparando a oportunidade que está à frente do Brasil, com a estratégia da China, que exporta tecnologia para a transição ecológica.

“Podemos transferir os produtos finais para essa transição”, disse. “Pode-se usar a matriz energética de segunda geração, a energia limpa que temos, para produzirmos a energia de terceira geração, e sermos grandes produtores de hidrogênio verde para ajudar a transição dos países desenvolvidos”.

“Teremos que ter a posição de promover o pensamento estratégico no país”, seguiu a ministra do Meio Ambiente. “A elite de um país não é formada por quem tem dinheiro ou poder, mas por quem tem pensamento estratégico”.

Exemplificou com o líder seringueiro Chico Mendes, o cientista americano Thomas Lovejoy, que estudou intensamente a Amazônia, o professor e naturalista Paulo Nogueira Neto (“que criou o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) durante a ditadura”), os empresários e filantropos Guilherme Leal, Neca Setúbal e Ricardo Young e o líder Yanomami Davi Kopenawa.

“Existem pessoas que, talvez, não tenham ainda a necessária clareza do que está em jogo no Brasil, mas tenho a absoluta certeza que o presidente da Câmara dos Deputados e o presidente do Senado têm, assim como algumas lideranças, independentemente de estar em consonância com o governo”, disse Marina Silva.

“Estamos colocando em marcha a diretriz de transversalidade, controle, participação social, fortalecimento do sistema ambiental, desenvolvimento sustentável e marcos regulatórios necessários”, seguiu.

Lembrou que 19 ministérios estão trabalhando a agenda de clima e bioeconomia, e que o ministro Fernando Haddad, da Economia, prepara um plano para promover a transição ecológica do governo.

Listou o que pode sair em breve – o novo plano de combate e prevenção do desmatamento na Amazônia (PPCDAm), que pode ser lançado na segunda-feira, 5 de junho, dia Mundial do Meio Ambiente. “Logo faremos o do Cerrado e de todos os biomas brasileiros”, prometeu.

“Estamos trabalhando fortemente a questão da governança climática, que passa, não só, pela reativação do CIM (Comitê Interministerial sobre Mudança do Clima), mas também pela atualização das nossas NDCs”, adiantou a ministra.

Ela se refere ao compromisso climático brasileiro, a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC). A última, editada durante o governo Bolsonaro, foi fortemente criticada por entidades ambientalistas como sendo uma “pedalada climática” e não um avanço real. “Vamos trabalhar nessa correção”, anunciou.

Marina Silva seguiu com os múltiplos projetos em curso em sua pasta. “Estamos pensando marcos regulatórios”, disse, mencionando clima, controle do desmatamento e ordenamento fundiário, bioeconomia.

“Estamos trabalhando para que o Plano Safra possa ser apresentado em meados de junho, todo ele com uma agricultura de baixo carbono”, adiantou, dizendo que o ministro Carlos Fávaro, da Agricultura está conduzindo essa agenda com o MMA, a Fazenda, e o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), do ministro Paulo Teixeira.

Marina também disse que a pasta trabalha na regulamentação do mercado de carbono, esforço entre sua pasta, a Fazenda, Ciência e Tecnologia e Indústria e Comércio. “E o governo respeitando o Congresso ao apresentar um Projeto de Lei que dialogue com o grande desafio dessa questão do mercado de carbono, que é uma das formas de fazer avançar a agenda da mudança do clima”.

O conceito da justiça climática irá permear essas políticas, assim como o racismo ambiental, pauta importante para juventude das periferias e os mais vulneráveis, vítimas de deslizamentos de terra, por exemplo.



Fonte: https://www.osul.com.br/ministra-marina-silva-citou-uma-serie-de-projetos-de-transicao-em-preparo-no-governo-e-disse-que-e-nas-contradicoes-que-ocorrem-os-avancos/

Link
Notícias Relacionadas »
Comentários »
Error
Fale pelo Whatsapp
Atendimento
Precisa de ajuda? fale conosco pelo Whatsapp