O juro médio total que é cobrado pelos bancos no rotativo do cartão de crédito subiu 14,4 pontos percentuais do mês de março para abril. As informações divulgadas pelo Banco Central (BC) na terça-feira (30) evidenciam a alta mesmo após o fim do ciclo de elevação da Selic.
O rotativo do cartão, juntamente com o cheque especial, é uma modalidade de crédito emergencial, muito acessada em momentos de dificuldades.
A taxa passou de 433,3% (dado revisado) para 447,7% ao ano, o maior patamar desde março de 2017.
No caso do parcelado, ainda dentro de cartão de crédito, o juro passou de 193,2% (dado revisado) para 200,7% ao ano.
Este é o maior valor da série histórica disponibilizada pelo BC, iniciada em março de 2011. Levando em conta o juro total do cartão de crédito, que considera operações do rotativo e do parcelado, a taxa passou de 102,4% (dado revisado) para 104,8%.
No mês de abril de 2017, começou a valer a regra que obriga os bancos a transferir, após um mês, a dívida do rotativo do cartão de crédito para o parcelado, a juros mais baixos.
A intenção do governo à época com a nova regra era permitir que a taxa de juros para o rotativo do cartão de crédito recuasse, já que o risco de inadimplência, em tese, cai com a migração para o parcelado.
Recentemente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, formalizaram a criação de um grupo de trabalho com o BC para debater as causas e propor soluções para os juros elevados do cartão de crédito. Conforme apurações, uma das opções na mesa é acabar de vez com a modalidade.
Endividamento
Na mira do governo federal, o endividamento das famílias brasileiras com o sistema financeiro caiu pelo quinto mês consecutivo e fechou março em 48,5%, ligeiramente abaixo do porcentual de fevereiro (48,6%).
Apesar da queda nos últimos meses, o endividamento das famílias ainda está próximo do recorde da série histórica do Banco Central, de julho do ano passado (50,1%).
Se forem descontadas as dívidas imobiliárias, o endividamento ficou em 30,7% em março, contra 30,8% no mês anterior.
Enquanto isto, o comprometimento de renda das famílias com o Sistema Financeiro Nacional (SFN) subiu no mês de março, para 27,7%, contra 27,4% no mês anterior.
O porcentual de março fica muito próximo do maior valor da série, de setembro de 2022 (27,8%).
Descontados os empréstimos imobiliários, o comprometimento da renda ficou em 25,6% em março, ante 25,4% em fevereiro.