Enquanto o governo Lula defende a criação de uma moeda comum para as trocas comerciais dentro do Mercosul, com o resto da América do Sul e até mesmo com os países dos Brics, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou que esse tipo de ideia é antiga e busca endereçar uma questão que não existe mais.
“Se você acredita no avanço dos pagamentos digitais e na digitalização de processos, você não precisa de uma moeda comum para ter essa eficiência comercial”, afirmou nesta sexta-feira (2). “Mas os governos em geral ainda são muito analógicos.” Segundo ele, porém, o BC não tem nenhum poder de vetar esse tipo de iniciativa.
Campos Neto disse que houve dois episódios com tentativas de se criar uma moeda comum no comércio entre o Brasil e a Argentina, e em ambos os casos ele foi contra. “Tentei explicar para um oficial do governo e não podia usar termos muito técnicos, então disse que uma moeda comum é como uma criança com DNA do pai e da mãe. A união de duas moedas significa que a taxa de juros vai ser uma mistura desses dois países, uma mistura de duas inflações”, argumentou.
Juros
O patamar da Selic tem sido motivo de embates entre Lula e o presidente do Banco Central desde o início do governo. Para o petista, há condições para a redução da taxa de juros, que, na avaliação de Lula, atrapalha o crescimento econômico.
Em evento nesta sexta-feira, o petista voltou a criticar a alta taxa de juros no País, atualmente em 13,75% ao ano. A Selic é fixada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central. A crítica foi feita quando Lula defendia investimentos em educação. O petista disse que “gasto” é “pagar 13,75% de juros para o sistema financeiro”.