O deputado Ricardo Salles (PL-SP) reagiu à aproximação do ex-presidente Jair Bolsonaro com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), e fez críticas à cúpula do PL. Bolsonaro e Nunes se reuniram duas vezes em menos de um mês. Ex-ministro do Meio Ambiente, Salles quer ser candidato à Prefeitura em 2024 e disputa o apoio do ex-presidente no campo da extrema-direita, enquanto Nunes se movimenta para concorrer à reeleição.
Um dia depois de Bolsonaro ter almoçado em São Paulo com Nunes e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, Salles partiu para o ataque. “Quem com os porcos anda, farelo come”, afirmou o deputado no Twitter. Rifado dentro do próprio partido, Salles publicou outra mensagem, horas depois da primeira, com duras críticas à cúpula do PL, que respingaram até mesmo no ex-presidente.
Críticas ao PL
Na postagem, ele apontou relações entre o PL, presidido por Valdemar, e o PT, partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Disse, por exemplo, que o deputado Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP), ex-ministro dos Transportes no governo Dilma Rousseff, é o elo entre os dois partidos.
“A Prefeitura, de Nunes e Marta (Suplicy), está cheia de petistas. Enfim, para o Centrão é tudo business. Não são conservadores, nem liberais e nem direita. Muito menos oposição. Jamais serão. Serão sempre governo. Não foi para isso que passamos 4 anos lutando contra a esquerda. Vergonha”, escreveu Salles.
Até o mês passado, o ex-ministro do Meio Ambiente tinha certeza de que seria o candidato de Bolsonaro à Prefeitura de São Paulo, em 2024. Bolsonaro e Valdemar, porém, têm pesquisas mostrando que um nome de extrema-direita não ganha a eleição na capital paulista e se movem para apoiar um candidato de centro. Agora, tentam atrair o prefeito, que é do MDB, para o PL.
Outros aliados de Bolsonaro também preferem Nunes como candidato. Entre eles está o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), um dos líderes do Centrão. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é amiga de Regina Nunes, mulher do prefeito.
Fritura
A presença de Bolsonaro e de Nunes em um mesmo evento foi lida como um movimento para abandonar Salles e sinalizar que a cúpula do PL está disposta a apoiar o prefeito na disputa pela reeleição. O PL tenta fazer um acordo com Nunes sob o argumento de que a divisão na direita pode favorecer o deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), pré-candidato da esquerda na disputa.
Caso as negociações não vinguem, o outro nome que vem sendo citado para representar o bolsonarismo na eleição para a Prefeitura de São Paulo é o do senador Marcos Pontes (PL-SP), conhecido como “Astronauta”.
Também nas redes sociais, Salles postou mais um ataque neste sábado (3), tirando o trecho de uma live no dia anterior em que ele defende uma separação entre os políticos “sérios e os picaretas” dentro da esquerda e da direita. “Tão relevante quanto as escolhas ideológicas, a degradação da política brasileira nos impõe, antes de tudo, separar os sérios dos picaretas. Essa história de pragmatismo virou desculpa para justificar apoiar ladrão e vagabundo”, afirmou.