Alvo da Operação Hefesto, deflagrada pela Polícia Federal (PF), Luciano Ferreira Cavalcante foi exonerado, nessa segunda-feira (5), do cargo de secretário particular que exercia na liderança do PP na Câmara dos Deputados. A demissão consta no Boletim Administrativo da Casa, onde Cavalcante também já atuou como chefe de gabinete de Arthur Lira. O salário atual dele era de R$ 14,7 mil.
Cavalcante esteve entre os 27 alvos de mandados de busca e apreensão cumpridos na semana passada em meio à apuração de suspeitas de irregularidades na compra de equipamentos de robótica para 43 municípios de Alagoas, reduto de Lira. Os recursos supostamente desviados teriam saído do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), ligado à Educação, com prejuízo de pelo menos R$ 8,1 milhões.
Além da vaga no gabinete do PP, Cavalcante é presidente do diretório alagoano do União Brasil — um sinal da influência local de Lira sobre a sigla aliada.
Esquema
O dinheiro usado na compra de kits de robótica veio do chamado orçamento secreto e sob influência direta de Lira, que atuava na distribuição das emendas; o modelo de repasse foi extinto por ordem do Supremo Tribunal Federal.
Lira, entretanto, não é citado na investigação. Após a PF deflagrar a operação, o presidente da Câmara afirmou à GloboNews que não tem nada a ver com as suspeitas de irregularidades. “O que eu posso dizer é que eu, tendo a postura que tenho, em defesa das emendas parlamentares que levam benefícios para todo o Brasil, para toda a população, eu não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo. E não me sinto atingido, nem acho que isso seja provocativo”, disse.
Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, interlocutores de Lira compreenderam a operação da PF como um movimento que interessa a seus adversários no Estado e até mesmo ao Palácio do Planalto, que tem enfrentado dificuldade de aprovar suas pautas prioritárias na Câmara. Esse grupo de aliados cobrou explicações da corporação sobre um suposto vazamento de informações da ação policial. Assim como a atuação da PF, decisões do Judiciário aumentaram a pressão sobre o presidente da Câmara.
Durante diligências realizadas em Maceió, a PF encontrou um cofre com reais e dólares, além de uma mala lotada de maços de dinheiro. Ainda de acordo com o Estadão, o endereço onde os valores foram encontrados é de um policial civil.