O deputado Deltan Dallagnol (Podemos-PR) prestou depoimento nessa segunda-feira (5) à Polícia Federal (PF). O parlamentar foi intimado a prestar esclarecimentos após ter dito que ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teriam interesses políticos ao votarem pela sua cassação.
Em entrevista ao jornal Folha de São Paulo, o deputado declarou que o ministro Benedito Gonçalves, relator do caso no TSE, entregou a “cabeça de Deltan em troca de uma vaga no STF”.
De acordo com uma nota divulgada pela assessoria do deputado, o depoimento “durou cerca de uma hora e trinta minutos” e “todas as perguntas feitas pela Polícia Federal foram respondidas”. O parlamentar evitou comentar o teor da conversa e disse que o inquérito é sigiloso. No entanto, o ex-procurador disse que vai solicitar a derrubada do sigilo.
“Reforçamos que o advogado de Deltan, Dr. Leandro Rosa, deverá solicitar, em nome da transparência e do interesse público, o levantamento do sigilo ainda nesta semana, em razão de não haver, no entendimento da defesa, qualquer razão legal para que o inquérito tramite em sigilo, já que os fatos são relacionados a falas públicas de Deltan como deputado”, disse.
O ex-procurador ainda precisa passar por um trâmite da Câmara antes de perder seu mandato. O caso é analisado pela corregedoria da Casa, que fornecerá um parecer à mesa diretora. O ato é considerado apenas uma formalidade e sem potencial para reverter a decisão do TSE.
O TSE decidiu cassar o mandato de Deltan por entender que ele saiu do cargo de procurador visando evitar uma punição disciplinar. O deputado nega e tem declarado que a saída foi para ajudar em uma pré-campanha do ex-juiz Sergio Moro, que no final de 2021 tentava se viabilizar como candidato à Presidência, mas depois acabou indo ao Senado.
O depoimento era para ter acontecido na última sexta (2), mas foi adiado porque Deltan afirmou ter recebido os autos do processo momentos antes da hora marcada para depor à PF na semana passada.
Valdemar
O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, disse por que apoia a cassação de Deltan Dallagnol e defende sanções a Sergio Moro na Justiça Eleitoral. Ele também previu que a situação passada por Moro e Dallagnol poderá se repetir caso Jair Bolsonaro se torne inelegível.
“Eles (Dallagnol e Moro) ultrapassaram os limites da lei e vão pagar caro”, disse Valdemar nessa segunda ao lado do senador Marcos Pontes e do deputado Luiz Mota, presidente do PL de São José do Rio Preto (SP).
“Fico numa posição difícil porque o Dallagnol e o Sergio Moro têm o apoio do bolsonaristas. O suplente do Dallagnol é do PL”, afirmou Valdemar após garantir repetidas vezes que a questão não é pessoal contra o ex-juiz, nem contra o ex-promotor.
“Não tenho nada contra o Moro, mas tenho que cumprir minha obrigação como presidente. Por quê? Porque o segundo colocado do Paraná é do PL, que era um candidato nosso e perdeu a eleição na casca”, acrescentou.