Nesta sexta-feira (9), o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou 33 pessoas por associação criminosa, sendo que 30 delas também foram acusadas por estelionato e duas por roubo. O processo atribui ao grupo a prática do famoso “conto do bilhete premiado” contra idosos em cidades como Canoas, Esteio e Sapucaia do Sul (Região Metropolitana), bem como Passo Fundo (Região Norte do Estado).
De acordo com a promotora Paula Bittencourt Orsi, de Esteio, os crimes foram cometidos principalmente entre junho de 2021 e fevereiro deste ano. Os golpistas também agiram nos Estados de Santa Catarina, Paraná e Espírito Santo, movimentando assim um total de aproximadamente R$ 1,7 milhão.
Como funciona
O “modus operandi” da quadrilha é o semelhante ao que as autoridades já conhecem há muitas décadas, mas que ainda faz vítimas em todo o País – assim como o “conto do pacote”, o “jogo do dedal” e outras modalidades. Com variações conforme cada caso, o esquema funciona mais ou menos assim:
Separadamente e em momentos diferentes, três ou quatro pessoas abordam a vítima em alguma calçada. No primeiro contato um estelionatário finge ser pessoa simples, pobre e analfabeta. Ele pede informações à vítima sobre um endereço (na verdade inexistente) e explica ser portador um bilhete ou volante premiado de loteria.
Em seguida, um comparsa bem-vestido e que se mostra tão instruído quanto bem-intencionado, simula estar passando por acaso pelo local. Ele se aproxima, dizendo ter ouvido a conversa, e se dispõe a ajudar a pessoa que está com o comprovante da aposta.
Esse segundo criminoso entra em contato com outro cúmplice, que se passava por gerente da Caixa Econômica Federal. Diante da vítima do golpe, ele assegura que os números realmente “foram sorteados” e explica como o “prêmio” deve ser sacado.
Nesse momento, o primeiro estelionatário menciona um problema bancário ou burocrático que o impede de retirar a quantia (perda dos documentos ou o “nome sujo” no comércio, por exemplo). Ele então promete dar uma polpuda recompensa aos dois “voluntários” para que saquem a bolada, desde que eles deixem um valor em garantia.
O segundo golpista convence a vítima de se trata de algo vantajoso para todas as partes envolvidas. Ele simula uma transferência ou pagamento em dinheiro para levar o “bilhete premiado” até a agência bancária da Caixa e o incauto, convencido do “bom negócio”, acaba fazendo o mesmo – às vezes, entregando cartão e senha.
De posse do dinheiro, os golpistas partem para o despiste e fuga. Pedem, por exemplo, que ela compre uma bebida ou faça algum favor, e aproveitam para desaparecer para sempre, deixando para trás mais uma vítima.
(Marcello Campos)