O Centro de Previsão Climática da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos confirmou que o fenômeno climático conhecido como El Niño está de volta.
Após três anos do padrão climático La Niña, que geralmente reduz um pouco as temperaturas globais, o El Niño retornou oficialmente e é provável que produza condições climáticas extremas no fim deste ano.
O El Niño se origina no Oceano Pacífico ao longo da Linha do Equador e afeta o clima em todo o mundo. A água quente normalmente está confinada no Pacífico ocidental pelos ventos que sopram de leste a oeste, em direção à Indonésia e à Austrália. No entanto, durante o El Niño, os ventos diminuem e podem até inverter a direção, permitindo que a água mais quente se espalhe para o leste, chegando até a América do Sul.
Os cientistas ainda estão procurando uma resposta sobre por que isso acontece, mas a desaceleração desses ventos pode durar semanas ou até meses.
Entre muitos padrões climáticos de grande escala que atuam em conjunto para influenciar o clima global, o El Niño pode ocorrer a cada dois a sete anos, em intensidade variável. Durante o fenômeno, as águas do Pacífico oriental podem ser até 4°C mais quentes do que o habitual.
Quais os efeitos para o Brasil?
A formação do El Niño pode aumentar as temperaturas e provocar estiagem em partes das regiões Norte e Nordeste do Brasil, segundo pesquisadores do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Já no outro extremo, em algumas partes da região Sul, o fenômeno deve causar excesso de chuvas.
De acordo com a Climatempo, em junho, o Oceano Pacífico equatorial deverá estar com temperaturas acima da média em toda a faixa, principalmente próximo da América do Sul.
“O El Niño deverá se instalar, de fato, a partir de julho, e sua influência será notada a partir de agosto, com o aumento das chuvas na Região Sul, diminuição no Extremo Norte e elevação das temperaturas, que tendem a ficar acima da média na metade da Região Norte do País a partir de julho. Estima-se que seja um El Niño de intensidade moderada nesse período”, acrescentou a Climatempo.
Durante o outono, é comum observar o avanço da Alta Subtropical do Atlântico Sul pelo Sudeste, que favorece períodos mais secos entre as áreas centrais e parte do Sudeste do País, típicas da estação. Há ainda a formação de frentes frias e de instabilidades mais para o Sul do Brasil, Mato Grosso do Sul, Centro-Oeste e São Paulo.
Ainda segundo a Climatempo, o El Niño costeiro deve impactar no aumento de chuvas em parte do Sul do Brasil.
Rio Grande do Sul
O El Niño deve trazer chuvas abundantes para o RS nos próximos meses. O inverno deste ano terá precipitações elevadas e será menos rigoroso em relação às temperaturas em todo o Estado, segundo o Boletim do Clima elaborado pelo Simagro (Sistema de Monitoramento e Alertas Agroclimáticos) da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação.
“Nos próximos meses, a efetivação do evento El Niño favorecerá a ocorrência de precipitação regulares, com altos volumes acumulados ao longo do segundo semestre”, avaliou o coordenador do Simagro, meteorologista Flávio Varone.
A ocorrência do El Niño, com chuvas abundantes, poderá prejudicar o desenvolvimento da safra de inverno, especialmente no fim do ciclo e durante a colheita, além de possivelmente atrasar o início da safra de verão no Estado.