11/06/2023 às 23h29min - Atualizada em 12/06/2023 às 06h03min

Aposta de deflação no Brasil em junho ganha força entre economistas

Aposta de deflação no Brasil em junho ganha força entre economistas - Jornal O Sul

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A surpresa ainda mais positiva com o IPCA de maio do que o antecipado, a previsão de uma inflação comportada de alimentos e a expectativa de queda nos preços dos carros no curto prazo colocaram no horizonte a possibilidade de o Brasil registrar deflação em junho. Se confirmada, será a primeira queda mensal do IPCA desde setembro de 2022, quando houve deflação de 0,29%, forçada pelo corte de impostos promovido pelo então presidente Jair Bolsonaro (PL) em meio à corrida eleitoral.

Economistas já tinham se animado com o IPCA-15 de maio, prévia do indicador, que subiu 0,51%, bem abaixo da expectativa mediana do Valor Data, de 0,64%. Para o IPCA cheio, a estimativa era de desaceleração de 0,61% em abril para 0,33% em maio, mas a alta foi ainda menor, de 0,23%.

Com o resultado, muitas casas revisaram suas expectativas para o IPCA de 2023, aproximando as estimativas de 5% ou até levando abaixo disso. O Credit Suisse reduziu de 5,5% para 5%, enquanto a consultoria BRCG e o banco UBS BB cortaram de 5,1% e 5%, respectivamente, para 4,9%. A MB Associados e o Banco Original mudaram para 5,3% e 5,2%, pela ordem. O Barclays, a LCA Consultores e a G5 Partners reduziram a 5,4%.

A projeção preliminar do Barclays para o mês está em torno de zero. A estimativa se baseia na expectativa de alguma deflação na alimentação no domicílio – que pode ganhar força com safras recordes e com a queda dos preços agrícolas no atacado -, além de variações negativas nos transportes, por causa do programa de redução temporária nos preços de alguns veículos novos, anunciado pelo governo nesta semana.

“Embora o efeito total que esse programa possa ter nas leituras mensais de inflação nas próximas semanas permaneça incerto, ele deve ser neutro em 2023, considerando sua natureza temporária”, pondera Roberto Secemski, economista-chefe para Brasil.

Projeções

André Almeida, analista do IBGE responsável pelo IPCA, diz que a inflação de junho pode captar, nos carros novos, os efeitos do pacote, mas pondera que é preciso aguardar o resultado efetivo. “O IBGE vai buscar junto aos informantes o preço que efetivamente será pago pelo consumidor final. Mas vai ter de aguardar como vai se comportar na prática”, afirma.

A redução temporária nos preços dos automóveis novos deve ter efeito baixista pontual na inflação entre junho e julho e alguma devolução de preços entre agosto e setembro, explica Angelo, da Warren Rena, mas pode deixar um impacto baixista permanente para os valores dos veículos usados.

Após a divulgação do IPCA de maio, o J.P. Morgan revisou sua projeção para a inflação em junho de 0,35% para 0,06%, citando a contribuição dos preços em queda do etanol, mas, principalmente, a medida para veículos. “Agora prevemos que vai reduzir os preços em 6% neste mês, em vez de julho, como presumido anteriormente”, escrevem os economistas Vinicius Moreira e Cassiana Fernandez em relatório.

A MCM Consultores, que também trabalha com a premissa de reduções médias de 6% dos preços dos veículos novos e usados, prevê deflação de 0,1% no IPCA de junho.

Comércio

Para a LCA Consultores, que espera inflação de 0,07% neste mês, além de novo alívio de itens “in natura” na alimentação no domicílio e dos primeiros efeitos dos descontos para carros novos, devem contribuir ainda a queda nos preços do gás de cozinha, a superação dos efeitos altistas da entrada de novas coleções em vestuário e uma desaceleração sazonal de higiene pessoal e de produtos farmacêuticos.

“Tem risco de deflação em junho, sim”, reconhece Fábio Romão, economista da consultoria. Sua projeção inclui, por exemplo, queda parcial nos preços de automóveis novos e usados. “Mas pode vir toda a queda em junho”, afirma.

Combustíveis

A queda da gasolina (-1,93%), por exemplo, no IPCA de maio veio menor do que a XP previa. “Esperávamos um repasse mais rápido aos consumidores após os cortes da Petrobras nos preços do gás de cozinha e da gasolina em 16 de maio”, diz o economista Paulo Maluf. Parte desse repasse deve acabar ficando para junho, contribuindo para um IPCA mais baixo, explica.

Por outro lado, destaca Secemski, a recente mudança no ICMS sobre a gasolina deve pressionar os preços dos combustíveis nas próximas semanas. A isso se seguiria a reoneração total dos impostos federais, prevista pelo governo, a princípio, para julho.

“Trabalhamos com deflação em transportes em junho, mas a alteração do cálculo do ICMS é um risco”, afirma Helcio Takeda, diretor de pesquisa econômica da Pezco.



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