11/06/2023 às 23h16min - Atualizada em 12/06/2023 às 06h03min

Comandante da Marinha do Brasil alerta para crimes transnacionais e crimes ambientais que têm crescido e ameaçam o País

Comandante da Marinha do Brasil alerta para crimes transnacionais e crimes ambientais que têm crescido e ameaçam o País - Jornal O Sul

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O comandante da Marinha, almirante de esquadra Marcos Sampaio Olsen, alerta: os crimes transnacionais e crimes ambientais ameaçam o Estado, e têm tomado uma proporção considerável. Outras nações também se fazem mais presentes no Atlântico Sul, o que é preocupante: por isso, argumenta, é necessário que o Brasil esteja presente nas áreas jurisdicionais e amplie os investimentos em Defesa.

Ele tem articulado para que fundos sob administração da Marinha sejam excluídos dos novos limites fiscais. Outra prioridade de Olsen é ampliar a parceria estratégica Brasil-França, tema que tratou em uma reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta segunda-feira (12).

Esse não deve ser o único encontro dos dois em junho. Em mais um gesto de aproximação entre Lula e os militares, o presidente deve prestigiar a solenidade do Dia da Marinha, 11 de junho, mas que neste ano será comemorado em Brasília no dia 15.

Olsen afirma que todos os projetos estratégicos da Marinha passam pela construção naval. É preciso que ela seja retomada. Segundo ele, o presidente Lula tem um apreço — não por ter tomado a iniciativa de uma parceria estratégica Brasil-França em 2008, mas pela percepção político-estratégica — de dotar a Força de um submarino com propulsão nuclear.

“Indiscutivelmente esse é um projeto de Defesa, não da Força Naval, mas do Estado. É o maior ativo de Defesa que um Estado pode deter pela sua expressão, mobilidade, capacidade de dissuasão”, afirmou o almirante.

Sobre os projetos em desenvolvimento pela Marinha, ele apontou a construção de quatro fragatas em Itajaí, Santa Catarina, além de um navio polar no Espírito Santo. “E busca retomar a construção naval com navios de menor complexidade tecnológica: os navios-patrulha, de 500 toneladas. É um projeto antigo, que com a queda da construção naval nós tivemos que reassumir, dentro da disponibilidade orçamentária, porque estava a cargo de estaleiros privados. O projeto prevê 13 [navios-patrulha]. Entregamos um no fim do ano passado e temos um segundo com previsão de entrega em 2027, mas é preciso que isso tome uma outra dimensão”, explicou.

Preocupação

O comandante da Marinha afirmou que os crimes transnacionais e crimes ambientais têm tomado uma proporção considerável, como o tráfico de drogas e de pessoas, biopirataria, garimpo ilegal, tráfico de madeira. “Mas, as Forças estão muito atreladas à soberania. Existem as ameaças tradicionais, ameaças de Estado. Se nós tomarmos uma evolução do Atlântico Sul em termos de presença de potências extra-regionais, isso nos preocupa. Nós temos aqui China, Rússia, Espanha, Japão, Taiwan, Coreia do Sul, Chile. O Atlântico Sul ainda hoje talvez não seja objeto, em termos de geopolítica, de interesse prioritário”. Mas, segundo ele, já houve essa percepção por parte da China.

“A China vem em uma política muito agressiva de ocupação da costa ocidental da África, na própria América Latina. E não por ser a China, mas é a presença de uma potência extra-regional no nosso entorno estratégico. Exige prudência e atenção no trato dessa questão. A China é o maior parceiro comercial do Brasil. Tem capacidade de influência como qualquer outra grande potência”.

Para Olsen, é preciso prover o interesse do Estado brasileiro, proteger o interesse da sociedade. “As nossas comunicações por dados, e isso inclui o sistema financeiro, transitam por cabos submarinos dispostos ao longo da costa: 99% das informações são pelos cabos, 1% por satélite. E os cabos submarinos são passíveis de interceptações que podem comprometer o sistema financeiro. É preciso que haja um sistema de vigilância”.

Amazônia Azul

Olsen relatou que um dos programas estratégicos da Força Naval, além da construção, é o sistema de gerenciamento da Amazônia Azul. Trata-se de uma rede de sensores que cobre esse espaço marítimo. É um programa oneroso, como normalmente é um programa de defesa: é plurianual, exige previsibilidade orçamentária. “Daí a nossa preocupação, e a discussão junto ao Ministério da Defesa, de vincularmos o orçamento da Força ao Produto Interno Bruto (PIB) para asseguramos alguma previsibilidade que possa sustentar as cláusulas contratuais dos diversos programas”, conclui o almirante da Marinha.



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