12/06/2023 às 22h56min - Atualizada em 13/06/2023 às 12h00min

Ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados deu “apoio operacional” a um casal de Brasília que entregava dinheiro vivo, durante uma passagem por Maceió, aponta a Polícia Federal

Ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados deu “apoio operacional” a um casal de Brasília que entregava dinheiro vivo, durante uma passagem por Maceió,

Jornal O Sul
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Relatório da Polícia Federal aponta que Luciano Cavalcante, ex-assessor do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), deu “apoio operacional” a um casal de Brasília que entregava dinheiro em espécie, durante uma passagem por Maceió. Cavalcante é investigado por suspeita de integrar um esquema de desvios na compra de kits de robótica. O ex-auxiliar emprestou um carro de alto padrão para o casal se movimentar pela capital alagoana num período de cinco dias, em janeiro deste ano.

Cavalcante foi exonerado do gabinete da liderança do PP em 2 de junho, um dia após ser alvo da Operação Hefesto, da PF. Ele já havia trabalhado diretamente com Lira. Sua mulher e seu irmão foram empregados por indicação do presidente da Câmara na Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), estatal com recursos milionários, em Maceió.

A caminhonete Toyota Hilux usada pelo casal na capital alagoana está em nome do policial civil Murilo Sergio Juca Nogueira Junior. O agente também é investigado pela PF. Em um endereço ligado a ele, a Operação Hefesto apreendeu uma mala e um cofre lotados de dinheiro. Embora o veículo esteja em nome do policial, o casal de Brasília devolveu o carro na casa de Cavalcante.

O policial civil aparece nas investigações como destinatário de R$ 550 mil do empresário Edmundo Leite Catunda Júnior, sócio da Megalic Ltda. – fornecedora dos kits de robótica para municípios alagoanos –, entre 24 de abril e 23 de outubro de 2020. A PF identificou que a empresa enviou outros R$ 300 mil a Nogueira Jr. entre 2 e 31 de janeiro de 2020.

De acordo com as apurações da PF, os contratos superfaturados de dezenas de prefeituras para compra dos kits estão no centro do esquema, efetivado por meio do repasse de emendas do orçamento secreto.

Megalic

No relatório da Operação Hefesto, a PF afirma que Cavalcante e a mulher dele, Glaucia Maria de Vasconcelos Cavalcante, são “prováveis” beneficiários finais do fluxo de dinheiro originado na Megalic. A polícia suspeita que os valores saíam da empresa, eram transferidos a pessoas jurídicas de fachada e “usufruídos por meio da utilização do veículo Hilux e da magnífica casa construída” em “luxuoso condomínio”.

A PF passou meses monitorando os investigados e registrou, em vídeos e fotos, a atuação do grupo em cidades como Brasília, Anápolis (GO), Goiânia e Maceió. Os policiais identificaram que um casal fazia saques em dinheiro e entregava em diversos endereços.

Elite social

Em uma dessas atuações, Pedro Magno Salomão Dias e Juliana Cristina Batista Salomão Dias foram flagrados chegando à casa de Cavalcante, em um condomínio de alto padrão em Maceió, para entregar o carro que usaram durante a estadia na capital. Segundo a PF, o condomínio é um dos “mais luxuosos da cidade, abarcando a presença de moradores ilustres da alta elite social da capital alagoana”. Na Câmara, o ex-assessor recebia um salário de R$ 14,7 mil.

A PF acompanhou a viagem do casal por Alagoas entre 26 e 30 de janeiro. O objetivo, segundo o relatório, era registrar a ida de ambos a bancos da cidade para ver, em seguida, em quais locais eles entregariam os valores. No primeiro dia em Maceió, o casal foi filmado pelos agentes em três agências bancárias. Lá, sacaram ao menos R$ 115 mil.

Entre 27 e 29 de janeiro, o casal fez “passeios pelos principais pontos turísticos das praias do litoral sul e norte” de Alagoas. No dia 30, a dupla foi à praia, almoçou “em um renomado restaurante na orla” de Maceió, abasteceu o carro que estava usando e foi até a casa de Cavalcante. No local, registrou a PF, os dois ficaram cerca de 15 minutos e, em seguida, foram levados ao aeroporto da capital na mesma caminhonete.

A PF afirmou ainda no relatório que, após o retorno do casal a Brasília, a Hilux foi usada por Glaucia. Em 31 de janeiro, a polícia flagrou a mulher do ex-assessor do PP ao volante da caminhonete.

Defesas

O advogado André Callegari, que defende o ex-assessor de Lira, afirmou que até agora “só há imagens na investigação e que elas, isoladamente, não indicam nenhum ato ilícito praticado pelos investigados, muito menos por Luciano, que sequer aparece nelas”. A defesa de Murilo Nogueira Júnior não foi localizada.

Lira já declarou publicamente que não tem relação com qualquer irregularidade ligada à compra de kits de robótica. Como mostrou reportagens, o presidente da Câmara direcionou recursos do orçamento da União para cidades alagoanas que acabaram utilizando o dinheiro para a compra dos kits investigados pela PF.



Fonte: https://www.osul.com.br/ex-assessor-do-presidente-da-camara-dos-deputados-deu-apoio-operacional-a-um-casal-de-brasilia-que-entregava-dinheiro-vivo-durante-uma-passagem-por-maceio-aponta-a-policia-federal/

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