O governo federal divulgou uma nova lista com mais de 30 novas versões de carros que entraram no programa de desoneração para estimular o setor automotivo. O Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) também disse que as montadoras pediram mais dinheiro (e que os recursos autorizados aumentaram).
Esta segunda versão da tabela tem 266 versões, segundo o MDIC. São 32 a mais que a versão anterior, que tinha 232 versões. O volume de recursos autorizados pelo governo, para o subsídio de veículos de passeio também passou de R$ 150 milhões para R$ 170 milhões (34% do dinheiro reservado para o programa). Além dos R$ 500 milhões para carros, mais R$ 1 bilhão foi destinado para a venda de ônibus e caminhões.
Até o momento, Fiat e Volkswagen foram as montadoras que mais pediram créditos tributários ao MDIC (R$ 30 milhões cada uma); GM, Peugeot Citroën, Hyundai e Renault solicitaram R$ 20 milhões (cada uma); e Honda, Nissan e Toyota, R$ 10 milhões (veja mais abaixo).
O governo considera a Jeep como parte da Fiat (grupo FCA Fiat Chrysler) e a Peugeot e a Citroën, como uma montadora só. Mas as quatro empresas fazem parte do mesmo grupo automotivo: a Stellantis. Já a General Motors (GM) é a dona da Chevrolet.
Modelos mais caros
Além dos carros “populares” (“de entrada”), as montadoras tem incluído modelos mais caros no programa, como SUVs (veículos utilitários esportivos) que custavam mais de R$ 135 mil.
A lista inclui modelos como o Chevrolet Tracker, o Fiat Fastback e o Jeep Renegade. Para isso, as empresas estão reduzindo o preço de algumas versões de seus SUVs em até R$ 15 mil, como foi o caso da Jeep, ou até criando novas versões dos modelos, como a Fiat (e a sua nova versão “de entrada” do Fastback).
As montadoras estão incluindo no programa até modelos que estão fora de fabricação, como o Volkswagen Gol (que foi o carro mais vendido do páis en 27 dos 40 anos em que foi produzido) e anunciando descontos em modelos que não fazem parte da medida, como a Caoa Chery com o Tiggo 5X e a Fiat com a Toro (porque os veículos custam muito mais que R$ 120 mil).
Diante do interesse dos consumidores, a Fenabrave (federação das concessionárias) disse que o movimento nas revendas chegou a mais do que triplicar na primeira semana de descontos e que os créditos tributários autorizados pelo governo (até R$ 500 milhões) não devem durar muito mais do que 30 dias.
Desconto direto
O ministério afirma que o subsídio concedido deve ser convertido em desconto ao consumidor na hora da compra do veículo. O desconto será abatido na própria concessionária, e o valor que a concessionária deixar de receber será coberto pela montadora (que depois vai reverter esse desconto em crédito tributário).
O MDIC reforça que o programa tem duração de 4 meses, mas vai acabar “quando os recursos disponíveis se esgotarem” (R$ 500 milhões para carros e R$ 1 bilhão para ônibus e caminhões), pois a medida é “uma ação conjuntural, de curto prazo”, feita para “atenuar a crise em um setor que responde por 20% do PIB da indústria de transformação e está com 50% de sua capacidade instalada ociosa”.
O governo está subsidiando:
– Veículos de passeio: de R$ 2 mil a R$ 8 mil por veículo (até o limite total de R$ 500 milhões);
– Caminhões e ônibus: de R$ 33,6 mil a R$ 99,4 mil por veículo (até o limite de R$ 700 milhões para caminhões e R$ 300 milhões para ônibus);
Mais subsídios
Para definir os descontos dos automóveis o governo considerou três fatores: preço, eficiência energética e “densidade industrial” (quantidade de peças do veículo produzidas no Brasil). Cada critério tem uma pontuação e, quanto maior a soma total do carro nesses fatores, maior o desconto.
Ao contrário das montadoras de carros, as empresas que produzem caminhões e ônibus não pediram mais recursos em relação ao balanço inicial: R$ 100 milhões para caminhões (14% dos R$ 700 milhões disponíveis) e R$ 120 milhões para ônibus (40% dos R$ 300 milhões reservados).
Já há pressão no governo para ampliar a verba destinada aos carros, pois a Anfavea (associação das montadoras) projeta que os R$ 500 milhões destinados devem durar cerca de um mês “ou um pouco mais”. Mas há declarações divergentes das autoridades sobre a ampliação ou prorrogação do programa — inclusive do próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).