O deputado federal Rogério Correia (PT-MG) voltou a defender o afastamento do senador Marcos do Val (Podemos-ES) da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro. Em conjunto com o senador Fabiano Contarato (PT-ES), o parlamentar deverá apresentar o pedido de substituição do aliado de Jair Bolsonaro na próxima sessão do colegiado, na terça-feira (20)., sob a alegação de que um investigado no âmbito do Inquérito dos Atos Antidemocráticos não pode fazer parte do colegiado.
Correia comparou a situação de Do Val à do deputado André Fernandes, que está prestes a virar réu. “Então vamos ter um deputado e um senador réus daquilo pelos quais são denunciados como parte do processo de crime que está sendo apurado. Não tem cabimento. Do Val na CPI é como raposa tomando conta do galinheiro”, alertou o parlamentar.
Marcos do Val foi alvo de mandados de busca e apreensão pela Polícia Federal, na quinta-feira (15), por ter vazado em suas redes relatório sigiloso da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) sobre a tentativa de golpe em 8 de janeiro, o senador Marcos do Val (POD-ES) é agora investigado por cinco crimes.
O senador é suspeito de divulgação de segredo, associação criminosa, abolição do Estado de Direito, golpe de Estado e organização criminosa. Juntos, os crimes somam penas de até 31 anos. Ele teve ainda a prisão solicitada pela PF, mas o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou.
Paralelamente, Do Val entrou na mira de pedido de afastamento da CPMI do Golpe, da qual faz parte. “Já não podia antes, agora é que não tem a menor condição de Marcos do Val continuar na CPMI do Golpe. Tem que ser tirado de lá, já”, argumentou a presidenta nacional do PT, Gleisi Hoffmann, em seu Twitter.
O senador do Podemos garantiu que estará na próxima reunião da comissão, prevista para a terça (20). “Mesmo que me afastem da comissão, que eu não esteja presente, isso não vai impedir que eu passe informações a outros parlamentares”, comentou.
“Perseguição”
O senador disse que viu a operação como uma “perseguição” do ministro Moraes e do ministro da Justiça, Flávio Dino. Ele também afirmou que esperava ser alvo da Polícia Federal desde abril. Para ele, a “vingança” de Moraes tem a ver com o pedido de convocação do ministro para a CPMI do 8 de Janeiro. “Já estava esperando, mas não no meu aniversário”.
“Eu também sabia que o Flávio Dino estava para fazer alguma coisa contra mim. Já estava esperando essa busca e apreensão desde março e abril, quando soube que Dino faria essa operação”, completou.