Ao menos seis senadores que participaram nessa quarta-feira (21), da sabatina do advogado Cristiano Zanin na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ) do Senado Federal foram investigados ou denunciados no âmbito da Operação Lava-Jato. São eles: Renan Calheiros (MDB-AL), Ciro Nogueira (PP-PI), Eduardo Braga (MDB-AM), Jader Barbalho (MDB-PA), Omar Aziz (PSD-AM) e Marcelo Castro (MDB-PI).
Outros cinco senadores chegaram a ser citados em delações ou no processo, mas não constam como investigados. Já o relator da indicação Veneziano Vital do Rêgo (MDB-PB) teve o irmão e ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo denunciado a partir de apurações da Lava-Jato.
Zanin é o indicado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) à vaga de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). O advogado defendeu o petista nas ações da Lava-Jato. Lula chegou a ser condenado e preso no âmbito da operação. Em março de 2021 o ministro Edson Fachin, contudo, atendeu pedido da defesa e anulou todas as decisões tomadas pela 13ª Vara Federal de Curitiba (PR) nas ações penais contra o atual presidente, o que é considerada uma das mais importantes vitórias na carreira do advogado.
Um assunto recorrente na sabatina da CCJ tem sido justamente a atuação de Zanin na Lava-Jato. O senador e ex-juiz da operação Sergio Moro (União Brasil-PR) perguntou ao advogado se irá se declarar suspeito nas ações ligadas a operação.
“Os processos em que eu funcionei como advogado, se aprovado for por este Senado, eu não poderei vir a julgar este processo, esta causa, se estiver no Supremo Tribunal Federal. Por outro lado, em questões futuras, processos futuros, evidentemente que é necessário, para aquilatar ou não uma hipótese de impedimento ou suspeição, analisar os autos, analisar quem são as partes, analisar qual é o conteúdo”, respondeu o defensor.
Confira a seguir quem são os senadores que foram alvos da Lava-Jato:
Renan Calheiros
Considerado um dos principais alvos da Lava-Jato. Foi acusado de corrupção no âmbito de contratação realizada pela Transpetro, de receber R$ 1 milhão em troca de apoio a propostas legislativas de interesse da Odebrecht no Senado e de ter participado do chamado “Quadrilhão do MDB”. Já teve mais de 15 investigações arquivadas – a última aconteceu na terça-feira (20).
Ciro Nogueira
Denunciado pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro no âmbito da Lava-Jato. Ciro foi acusado de receber propina de R$ 7,3 milhões da Odebrecht em troca de atuação no Congresso. Ele também respondeu por suposta obstrução a uma investigação da Lava-Jato e por recebimento de propinas para que o PP apoiasse o PT nas eleições de 2014 e para defender os interesses da OAS, mas esses casos foram arquivados pelo Supremo Tribunal Federal.
Eduardo Braga
Investigado em inquérito sobre o pagamento de propina a parlamentares do MDB em troca de apoio à campanha de Dilma Rousseff (PT) em 2014. Também teria recebido, quando governador do Amazonas, pagamentos do grupo Odebrecht relativos à construção da Ponte do Rio Negro, no Estado. Os dois casos foram arquivados.
Jader Barbalho
Denunciado em 2017 ao lado de José Sarney, Renan Calheiros, Edison Lobão, Romero Jucá e Valdir Raupp por suposto recebimento de propina paga por fornecedores da Petrobras e sua subsidiária Transpetro. O caso ficou conhecido como “quadrilhão do MDB”. O STF arquivou o inquérito em março deste ano.
Omar Aziz
Investigado após delação de ex-executivos da construtora Andrade Gutierrez apontarem o pagamento de propina ao senador e ex-ministro de Minas e Energia. Um empresário ligado a Aziz também teria pedido pagamentos à Odebrecht quando ele era governador do Amazonas. Investigação foi arquivada em 2018 pelo STF.
Marcelo Castro
De acordo com delação do empresário Ricardo Saud, o então deputado federal Marcelo Castro teria sido beneficiado em 2014 com propina de R$ 1 milhão da JBS.
Outros
Já o presidente da CCJ, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), e os senadores Otto Alencar (PSD-BA), Espiridião Amin (PP-SC), Randolfe Rodrigues (sem partido-AP) e Romário (PL-RJ) chegaram a ser citados em delações ou no âmbito dos relatórios da Lava-Jato por supostos recebimentos de propinas, mas não constam como denunciados nem réus.