Cristiane Pinto chegou ao Instituto Penal Santo Expedito, em Bangu, na Zona Oeste, às 9h30 da quarta-feira (21), esperançosa de ver a filha Lívia ser solta. As horas foram passando, outras pessoas ganharam liberdade, e nada de a jovem aparecer. Às 18h, um dos agentes penitenciários disse a ela que o expediente havia encerrado e que a soltura só iria acontecer às 11h dessa quinta (22). Frustrada, ela decidiu voltar para casa e, ao chegar lá, recebeu uma ligação em vídeo de um número desconhecido: era a filha, desesperada, avisando que estava na rua e não havia ninguém para levá-la embora.
“Os agentes falaram que o expediente já havia encerrado, que não haviam recebido mais nenhum alvará de soltura. Decidimos voltar para casa. Quando cheguei, recebi uma ligação da Lívia desesperada em uma barraquinha perto do presídio, avisando que estava solta e pedindo para eu buscá-la. Fiquei revoltada! Foi mais um caso de injustiça contra a minha família”, criticou Cristiane.
Lívia Ramos de Souza, de 19 anos, foi presa no dia 5 de junho durante uma operação da Polícia Civil contra a empresa onde disputava uma vaga de emprego. A agência, chamada Icon Investimentos, estava envolvida em um esquema de golpes de consórcio no Centro do Rio. Naquele dia, a jovem havia sido chamada para um treinamento e, em apenas quatro horas no local, foi presa em flagrante com mais 17 pessoas. Na última terça (20), a Justiça determinou a soltura dela e de mais 13 jovens, presos na mesma ocasião. Cristiane comemorou a decisão e planejou o reencontro com a filha, que não via há 16 dias.
Caso
A família de Lívia afirma que a jovem estava no escritório da empresa Icon Investimentos, no dia 5 de junho, para uma entrevista de emprego. Ela foi ao local pela primeira vez naquele dia e participava de um treinamento, quando teria sido detida por engano. Junto a ela, outras 17 pessoas com idades entre 18 e 30 anos foram presas por suspeita de participação em um esquema de golpes de consórcio no Centro do Rio, investigado pela Polícia Civil.
De acordo com Cristiane, a filha estava em busca de emprego após o término de um contrato como Jovem Aprendiz há dois meses. Ela teria visto uma vaga na Icon Investimentos por meio do site Infojobs. Mandou o currículo e aguardou o retorno da empresa, que teria acontecido em poucos dias. O contratante convidou a jovem para uma entrevista de emprego, explicando que, se admitida, venderia consórcios e teria comissão sobre as vendas que efetuasse.
Dos 18 presos, 13 conseguiram a prisão preventiva convertida em medidas cautelares. No documento, o desembargador José Muiños Piñeiro Filho, da 6ª Câmara, determina ainda que os jovens não prestem serviços para empresas “que tenham o mesmo objeto daquela que deu origem ao auto de prisão em flagrante”. Além disso, terão que comparecer ao juízo em até cinco dias, para informar onde poderão ser encontrados para os atos judiciais necessários.
“Ela viu a vaga na internet, no site Infojobs. Chegando lá, já colocaram ela para fazer treinamento no computador. Não assinou nada, não chegou a fazer venda e não teve movimento de dinheiro entrando na conta dela, só estava treinando. Eu estava no trabalho e, quando foi 20h, ela me ligou desesperada dizendo que estava presa”, contou a mãe.