O Estado do Paraná registrou uma morte causada pelo vírus influenza A(H1N1)v de origem suína. O diagnóstico foi confirmado pelo Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz).
Segundo a Fiocruz, a paciente tinha diagnóstico prévio de câncer e vivia na região de uma fazenda de suínos. Os sintomas – febre, dor de cabeça, dor de garganta e dor abdominal – tiveram início em 1º de maio. No dia 3, ela foi hospitalizada devido à infecção respiratória aguda grave. No dia 4, a paciente foi transferida para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI), mas não resistiu e morreu no dia seguinte.
Durante a internação, uma amostra de swab nasofaríngeo foi coletada para teste de influenza e SARS-CoV-2, como parte das atividades regulares de vigilância de vírus respiratórios. O exame, realizado pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) do Paraná, detectou que se tratava de um vírus influenza A/H1.
Seguindo o fluxo da rede de vigilância, a amostra foi encaminhada para o Laboratório da Fiocruz, referência nacional no tema, para a realização de análises complementares e sequenciamento genômico. Na fundação, foi confirmado que se tratava de um vírus influenza A(H1N1)v com alta taxa de identidade com vírus coletados de suínos no Brasil em 2015.
“É muito importante ressaltar que este caso não tem correlação com o vírus H5N1, que muito tem se falado nos últimos dias. O H5N1 é o vírus da influenza aviária, atinge predominantemente as aves e até o momento não há registro de casos em humanos no Brasil. O vírus detectado no Paraná é outro, trata-se do H1N1 variante”, pontua Marilda Mendonça, chefe do Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC.
O caso foi notificado ao Ministério da Saúde e à Organização Mundial da Saúde (OMS). A amostra será enviada ao Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), dos Estados Unidos, para caracterização.
Conforme as investigações epidemiológicas, a paciente não teve contato direto com porcos, no entanto, dois de seus contatos próximos trabalhavam na fazenda de suínos. Os dois contatos não desenvolveram doença respiratória e testaram negativo para influenza. Até o momento, nenhuma transmissão de humano para humano associada a este caso foi identificada. Em seu relatório, a OMS avalia como baixo o risco de transmissão comunitária.
Vírus influenza entre porcos
Quando seres humanos estão infectados com vírus influenza que normalmente circula entre porcos, esse vírus é chamado de “vírus variante” e é designado pela letra “v”. No caso em questão, influenza A(H1N1)v. Os vírus H1N1, H1N2 e H3N2 de origem suína ocasionalmente infectam humanos, geralmente após exposição direta ou indireta a suínos ou ambientes contaminados.
Infecções humanas com vírus variantes tendem a resultar em doença clínica leve. Até o momento, infecções humanas esporádicas causadas pelos vírus influenza A(H1N1)v e A(H1N2)v foram relatadas no Brasil e não há evidências de transmissão sustentada de pessoa para pessoa.
Esta é a primeira infecção humana causada pelo vírus influenza A(H1N1)v relatada em 2023 no Brasil, e a terceira infecção humana relatada no estado do Paraná (a primeira foi em 2021 e a segunda, em 2022).
Não há vacina para infecção por Influenza A(H1N1)v. Segundo a OMS, a vacina contra a gripe sazonal, administrada anualmente, é capaz de reduzir o adoecimento a partir de infecções pelos vírus da gripe humana e variantes.
Há mais de 60 anos, o Laboratório de Vírus Respiratórios, Exantemáticos, Enterovírus e Emergências Virais do IOC desempenha papel estratégico de vigilância em influenza junto à OMS.