O dólar fechou em queda nesta segunda-feira (26) cotado a R$ 4,76, renovando assim, a sua mínima em um ano. O recuo de 0,24% deixa a moeda norte-americana no seu menor valor desde o dia 31 de maio do ano passado, quando a moeda atingiu 4,7526 reais. Já o mercado financeiro brasileiro encerrou o dia em baixa. O Ibovespa fechou em queda de 0,62%, a 118.242 pontos.
Em Nova York, Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq recuaram, respectivamente, 0,04%, 0,45% e 1,16%.
Fatores como as tensões geopolíticas na Rússia e o rebaixamento da agência de classificação de risco S&P do crescimento da China suscitaram apreensão nos investidores, resultando em um impacto inicialmente negativo.
A proximidade de eventos significativos no cenário brasileiro também instigou cautela no mercado financeiro. Entre eles, a divulgação da ata do Copom e a reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), cujas deliberações serão cruciais para a política monetária futura, considerando que o Banco Central manteve os juros estáveis na última reunião. Até o momento não há indicação de possíveis cortes.
No âmbito positivo, a Petrobras ganhou destaque, impulsionada pelo incremento no preço do petróleo Brent no mercado global. “A incerteza geopolítica, ainda que pareça resolvida, revela uma fragilidade russa”, pontua Fernando Bento, CEO e sócio da FMB Investimentos. O estrategista de investimentos da Matriz Capital, Lucas de Caumont, argumenta que, apesar de políticas protecionistas e da queda de dividendos, os investidores ainda veem na Petrobras uma oportunidade graças ao seu alto Retorno sobre Patrimônio Líquido (ROE) e potencial de geração de fluxo de caixa.
Enquanto isso, as ações de Raízen, CSN e Gerdau demonstraram reação após quedas anteriores, sendo o setor de siderurgia e mineração um dos poucos em alta.
“A Vale teve um desempenho próximo ao equilíbrio, após o anúncio da possível participação de Guido Mantega na companhia, e não conseguiu acompanhar o setor”, avalia Caumont. Em contrapartida, as ações do setor varejista continuam sofrendo devido à decisão do Banco Central de manter os juros no patamar atual, sem sinais de redução iminente. Locaweb, CVC, Via Varejo, BRF e Petz encabeçaram as quedas do dia.
Dólar
A cotação do dólar passou por uma desvalorização no primeiro semestre de 2023 que não se via há sete anos no mercado brasileiro. A moeda norte-americana caiu de R$ 5,23 no início do ano para R$ 4,76 nesta segunda.
Entre o dia 1º de janeiro e o dia 19 de junho, o dólar Ptax para venda, índice de referência para as operações de câmbio no mercado financeiro calculado pelo Banco Central, registrava um recuo de 8,38%. Este é o maior declínio para um primeiro semestre desde 2016, quando a cotação caiu 17,80%.
O fortalecimento da moeda brasileira reflete uma melhora brusca no humor com que o mercado iniciou o ano em meio às incertezas macroeconômicas globais e o novo governo no Brasil.
No final de 2022, logo após as eleições, pesquisas indicavam que gestores, estrategistas e economistas viam o dólar acima dos R$ 5,40 em 2023. Em março, uma enquete dizia que o dólar ultrapassaria os R$ 5,30.
Ainda que 2023 esteja apenas se aproximando da metade, boa parte dessa instabilidade foi atenuada e o País conseguiu se colocar como destino do capital estrangeiro entre os emergentes.
“Temos reservas cambiais bastante robustas e uma certa estabilidade política e econômica, que muitos países emergentes não têm”, destaca Bruno Perottoni, diretor de tesouraria do Braza Bank.
O atual patamar da taxa de juros do País também ajuda a manter o real valorizado. Com a Selic estacionada em 13,75% ao ano e a queda dos indicadores de inflação, o Brasil tem o maior juro real do mundo, o que também atrai investidores estrangeiros que vem atrás de boa rentabilidade a um risco relativamente baixo.