Lideranças do Partido dos Trabalhadores (PT) no Paraná estão colocando o partido em uma ferrenha disputa eleitoral por uma vaga no Senado. O detalhe é que esta vaga ainda não existe. Todavia, já mobilizou alguns dos principais políticos do estado.
A vaga em questão é a do senador Sérgio Moro (União), que é alvo de um pedido de cassação no Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE-PR), mas ainda sem previsão de desfecho, e que muito provavelmente não será decidido neste ano.
Ainda assim, a mera possibilidade de uma candidatura petista ao Senado Federal no lugar de Moro já criou nos bastidores um clima de guerra entre o filho de José Dirceu, o deputado federal e líder do partido na Câmara, Zeca Dirceu, e a ex-senadora e presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann.
Os dois tentam se viabilizar e, para isso, buscam atrair o apoio de Requião pai e Requião Filho, que migraram do MDB para o PT ano passado e também quer disputar a vaga do ex-juiz da Lava-Jato.
Moro é alvo de uma ação do PL que pede sua cassação no TRE por abuso de poder econômico e caixa 2. Caso seja condenado, deverá ser realizada uma eleição suplementar.
O caso só deve ser julgado no final deste ano pelo TRE-PR. Se for derrotado, Sérgio Moro ainda pode recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O ex-governador Roberto Requião e o deputado estadual Requião Filho, atual líder da oposição na Assembleia Legislativa, ainda não definiram qual dos dois encabeçará o projeto, mas vêm argumentando nos bastidores que não podem ficar de fora de uma disputa tão simbólica.
Na última eleição, Requião pai teve 26% dos votos válidos para o governo do Paraná. Não ganhou, mas teve o melhor desempenho da história do PT no estado.
Entretanto, Zeca Dirceu está obstinado. Ele já marcou para o próximo dia 7 uma reunião com Requião Filho em Curitiba para discutir uma possível aliança.
A conversa entre o filho de José Dirceu e o filho de Requião deve envolver propostas de contrapartidas nas eleições municipais do ano que vem. O deputado estadual, que está no terceiro mandato, não descarta disputar a prefeitura de Curitiba.
Pode haver, também, um acordo em torno da disputa pelo governo do estado em 2026, pois o atual governador, Ratinho Júnior (PSD), não pode concorrer a um terceiro mandato, e ainda haverá duas cadeiras no Senado em disputa além da de Moro, cujo mandato termina em 2031.
O problema é que, até agora, pai e filho não se mostram dispostos a fazer nenhuma concessão, e ameaçam deixar o PT paranaense para disputar a vaga de Moro caso não recebam o apoio do partido.
Se Moro for cassado, a eleição suplementar deverá ocorrer no ano que vem, e políticos com mandato como Zeca, Gleisi e Requião Filho poderão disputar o Senado sem ter que abrir mão de seus cargos. Mesmo que percam, continuam onde estão até 2026, quando ainda podem tentar a reeleição.
O ex-líder do governo Bolsonaro na Câmara Ricardo Barros (PP) já manifestou publicamente interesse na disputa e o PL trabalha para lançar Paulo Eduardo Martins para a vaga de Moro.
O ex-deputado federal, que ficou em segundo lugar na disputa pelo Senado na eleição passada, ainda poderá ser apoiado por Ratinho Jr., de quem é próximo.