O presidente da Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul (Federasul), Rodrigo Sousa Costa, abriu a cerimônia de entrega dos cinco troféus dos Vencedores do Agronegócio, nesta quarta-feira (30), falando sobre o reconhecimento da entidade àqueles que produzem grande parte da riqueza gaúcha através do agronegócio. “Como é bom vermos o trabalho, as ações e as inovações provenientes de todas as regiões que contribuem para a geração de emprego e renda em todo o Rio Grande do Sul”, acrescentou.
Enfatizou que neste momento em que sofremos as graves consequências sociais, econômicas e ambientais de três anos de estiagens consecutivas (numa terra com chuvas abundantes mas mal distribuídas), está mais do que na hora de revisarmos uma legislação arcaica que impede a reserva de água em pequenas e grandes barragens. A sequência de estiagens e a queda na produção de milho colocou em risco toda a agregação de valor das cadeias produtivas de frango, suínos, leite e ovos, com risco de êxodo rural de agricultores familiares em situação de vulnerabilidade.
O presidente da Federasul enfatizou ainda que “não é admissível que argumentos ideológicos impeçam o avanço da lei com ganhos ambientais e sociais. A estabilidade produtiva da irrigação tem o poder de preservar tanto a natureza com água para dessedentação, quanto às contas públicas do Estado e dos municípios, com potencial de expandir a arrecadação sustentável capaz de trazer soluções sociais e ambientais”.
Ele afirmou ainda que os premiados compartilham algo que tem feito a grande diferença para o agronegócio gaúcho: a inovação. Destacou que é possível construir soluções inovadoras com cooperação e união, que permitem, inclusive superar obstáculos da burocracia estatal e também construir ecossistemas de desenvolvimento para toda uma região. “Celebrar tudo isso renovando nossa parceria histórica fortalece o espírito empreendedor, do campo e da cidade. Deixa-nos mais forte para superar desafios. Parabéns aos nossos empreendedores do agronegócio”, finalizou o presidente.
Convidado para ser o palestrante do Tá na Mesa especial, na Expointer, o ex-ministro da Agricultura e presidente dos Conselhos da ABPA e Aprobio, Francisco Turra, apontou como alternativa ao agro “agregar valor aos produtos para enfrentar a crise que atinge o setor da proteína animal”. Ele acredita que dessa forma será possível trazer mais riqueza para o estado. Outra iniciativa sugerida foi a abertura de novos mercados consumidores, ampliando o volume de exportações.
Vencedores do Agro
O prêmio é dividido em cinco categorias: Antes da Porteira, voltado à área de insumos necessários para suprir as necessidades do campo; Dentro da Porteira, para a área de produção e geração de valor da propriedade rural; Depois da Porteira, englobando as áreas de armazenamento, distribuição e serviços associados ao agronegócio; ESG destinado às práticas ambientais, sociais e de governança; e Elas no Agro, que destaca a liderança feminina pelo relevante trabalho no setor.
Veja a lista dos agraciados com o troféu Três Porteiras:
Antes da Porteira
Racks Tecnologia Agrícola – São Leopoldo
Case: Sensoriamento remoto da umidade do solo para manejo da irrigação
Atendendo 11 estados brasileiros, com diferentes culturas e tamanho de propriedades, o sistema de manejo de irrigação auxilia na determinação de quando e quanto irrigar através da união de dados de solo, planta, clima e método e irrigação. Através de sensores TDR (reflectometria no domínio do tempo) fixados em caso e alimentados com energia solar, transmitem todos os dados para a plataforma sem a necessidade de Wi-Fi em campo. Método que economiza água e energia elétrica gera maior rentabilidade às lavouras. Reconhecido como o único das Américas pela sua precisão, o sensor (patenteado pela Raks) opera remoto e garante mais economia de energia, redução de mão de obra e maior produtividade.
Dentro da Porteira
Cervejaria Salva – Bom Retiro do Sul
Case: Salva Hops – Cultivo e Lúpulo Gaúcho
Fundada em 2016, em Bom Retiro do Sul, no Vale do Taquari, o Salva Hops é um projeto dentro da Cervejaria Salva para apoiar, incentivar e fomentar a cultura do lúpulo localmente. Um engenheiro agrônomo prospecta novos produtores parceiros, presta assistência técnica e a compra das safras é garantida. Com o Salva Hops uma nova alternativa para a agricultura familiar na região foi criada, aproximando a cadeia produtiva com uma cultura diferenciada e rentável em pequenas áreas, garantindo um maior giro da economia local. Por ser recente no Brasil, a produção do lúpulo é uma aposta entre os produtores. É da Cervejaria Salva a criação do primeiro projeto de fomento e cultura do lúpulo e a primeira a certificar uma plantação de lúpulo orgânico de um dos parceiros. Hoje são seis produtores parceiros.
Depois da Porteira
Pilecco Nobre Alimentos Ltda – Alegrete
Case: Inovação Tecnológica na Produção de Arroz
Com mais de 45 anos de mercado, o grupo Pilecco Nobre, com sede em Alegrete, na fronteira oeste, introduz tecnologia na indústria orizícola para dar sustentabilidade ao negócio. A empresa não desperdiça nada utilizando a casca de arroz para produzir sílica (consumida pela construção civil e na indústria de artefatos de borrachas) além de gerar energia térmica para a secagem dos grãos e energia elétrica para abastecer a planta de processamento de arroz e toda a propriedade com zero resíduos para o meio ambiente. A meta sempre foi agregar valor ao setor, eliminar a geração de resíduos e ser autossuficiente em recursos energéticos. O investimento na produção de sílica, através da casca do arroz, foi feito através do processo de combustão da casca de arroz em leito fluidizado.
ESG
Granja Santo Antônio – Encantado
Case: Suinocultura responsável pelo bem-estar animal e meio ambiente
Ao atender as normas de bem-estar animal (BEA), em 2015, foi a primeira granja no RS que adotou práticas de tratamento de dejetos da criação de suínos embora a suinocultura faça parte da família Bonfati desde 1993. O negócio foi evoluindo e hoje os filhos de Luiz Bonfati, Priscila e Eduardo, seguem as boas práticas com comprometimento de preservação do meio ambiente. A granja localizada em Encantado, no Vale do Taquari, tem biodigestor e gera sua energia elétrica, compostagem mecanizada de dejetos, roto acelerador para decompor carcaças dos suínos, sistema de geração de energia fotovoltaica, reutilização da água oriunda das lagoas de decantação para sistema de flash-lâmina de água que fica sob os galpões impedindo que os resíduos aderem ao piso.
Elas no Agro
Ana Paula Ferigollo – Frederico Westphalen
Case: Criação de bezerras: a importância de uma recria eficiente para o futuro da propriedade
Médica veterinária há oito anos, sempre alimentou o sonho de ter uma propriedade, de viver dela, mas os pais viviam numa área pequena e eram suinocultores. Iniciou prestando assistência nas propriedades leiteiras e percebeu a necessidade de aprimorar a recria das bezerras. Através do Centro de Recria de Novilhas, em 2018 terceirizou a recria da fazenda para um local com dieta equilibrada e um ambiente confortável para o crescimento das bezerras. Depois de crescidas elas retornam capazes de manifestar todo o potencial genético e demonstram o impacto da recria na produção futura de leite. Firmou parcerias com empresas na formulação das dietas e mostrou a importância de uma criação eficiente para levar melhorias para dentro das fazendas. Durante o processo de recria, as bezerras são identificadas com brincos e os produtores acompanham o desenvolvimento e podem comprovar, através da produção de leite, a criação mais eficiente.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul