O presidente do Sistema Farsul, Gedeão Pereira, promoveu o tradicional almoço com a direção da entidade para avaliação da 46ª Expointer. O encontro foi realizado na Casa Farsul, no Parque de Exposições Assis Brasil, em Esteio, nesse domingo (3).
Antes dos resultados oficiais da edição, Gedeão disse acreditar que os negócios do setor superariam os números atingidos no ano passado. Para o dirigente, isso confirma a importância da feira além das divisas estaduais. “A Expointer está consolidada no cenário nacional. Ela já foi internacional. Isso ocorria quando importávamos genética, o que não ocorre mais.” Gedeão salientou que as máquinas somam a principal movimentação financeira da feira. “O resto é troco.” O presidente avaliou o panorama geral da agropecuária gaúcha, “que não é dos mais promissor” no momento. “Plantamos com custo muito elevado. Colhemos mal. Depois os preços derreteram”, resumiu, lembrando as dificuldades registradas nas pecuárias de leite e de corte e da cultura do milho.
Entre as principais atividades promovidas pelo Sistema Farsul, Gedeão citou o seminário Invasão Zero e Marco Temporal, em parceria com o gabinete do deputado federal Tenente-Coronel Zucco (Republicanos-RS) – o parlamentar preside a CPI sobre o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, a CPI do MST. “Também tivemos o encontro da Comissão de Mulheres, encontro nacional.” A comissão foi reconstituída pela Farsul no início de julho, depois de alguns anos inativa. O dirigente deu ênfase ao debate ocorrido na reunião do Conselho Consultivo da Federação das Associações Rurais do Mercosul (Farm), na última quinta-feira, 31, sobre a legislação ambiental acordada entre União Europeia e o bloco econômico dos países sul-americanos. “Repudiamos o acordo, que impõe desmatamento zero ao Mercosul”, com data retroativa a dezembro de 2020. “São regras que afetam a soberania nacional”, relatou, lembrando que no Brasil não vigora nenhuma legislação que exija desmatamento zero. “Não aceitaremos o acordo.”
Ainda no campo das negociações internacionais, Gedeão lembrou o diálogo estabelecido entre produtores de leite do Rio Grande do Sul com colegas e entidades de representação do setor no Uruguai, com a participação do ministro de Ganadería, Agricultura y Pesca, Fernando Mattos. O presidente do Sistema Farsul classificou como “questão de tratado” eventuais contrariedades dos gaúchos com o ingresso do leite oriental no país. “São tratados e há que respeitar. Temos, porém, de descobrir nossos caminhos. Quando foi que a lavoura se tornou viável? Quando reduzimos o tamanho da lavoura e quando descobrimos o porto do Rio Grande”, disse. E acrescentou: “Estamos com um problema sério nas mãos, ainda sem solução”.
Gedeão saudou o estabelecimento da Delegacia Online do Agro, batizada de Agrodol. A ferramenta tem o objetivo de facilitar os registros de ocorrências de crime ocorridos em áreas rurais do Rio Grande do Sul. “Nos parece um progresso”, afirmou o presidente. Ele ressaltou a importância de outro anúncio feito pela cúpula da Segurança no Estado, sobre a reestruturação das Delegacias de Polícia Especializadas na Repressão aos Crimes Rurais e de Abigeato.
Em 2023, pela primeira vez, a Expointer não contou com exposição de aves, em razão de riscos sanitários. “O Brasil é o maior exportador de carne de frango do mundo, e não podemos ter a mínima ameaça”, afirmou Gedeão. Em contrapartida, a feira foi palco para o anúncio da abertura do mercado de Israel para o setor. “É um mercado muito importante, inclusive pelas exigências.” O anúncio foi feito pelo ministro Carlos Fávaro, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, durante a solenidade de inauguração da 46ª Expointer, na sexta-feira (1º). “O ministro, aliás, esteve duas vezes na Casa da Farsul”, disse Gedeão.
No final de seu pronunciamento, Gedeão comentou sobre a atuação do Senar no desenvolvimento de um processo de comunicação que estabeleça maior proximidade entre o campo e a cidade. “Precisamos conversar com a população. Nosso Senar tem feito um investimento forte para isso. A comida que é servida no café da manhã, no almoço e no jantar é produzida por alguém que está no campo.” A preocupação com a sociedade urbana foi confirmada pelo superintendente do Senar-RS, Eduardo Condorelli: “Aqueles que têm a oportunidade de conhecer o que se faz no campo sabem que a realidade está muito longe das narrativas”, afirmou. Condorelli destacou outras “preocupações” da entidade, relacionadas à tecnologia e ao conhecimento oferecidos ao produtor rural. Durante a Expointer, a entidade desenvolveu ações envolvendo o uso de drones, além de outras destinadas a produtores de leite, apicultores e, finalmente, dedicadas a relações trabalhistas.
O primeiro vice-presidente da Farsul, Elmar Konrad, expôs os esforços para a alteração do calendário de plantio para a safra 2023/2024 junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. A sugestão é de que a semeadura no Rio Grande do Sul seja iniciada no dia 1º de outubro de 2023 e encerrado em 8 de fevereiro de 2024, mantendo, o período de 130 dias estabelecidos no calendário de plantio de soja da safra 2022/2023. O ministério determinou uma redução de 30 dias no período.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul