O radialista e advogado gaúcho Celso Adão Portella, 80 anos, teve o seu corpo encontrado em uma mala dentro da geladeira do apartamento onde morava em Aracaju (SE). A identificação foi confirmada nesta sexta-feira (22) pelas autoridades do Estado nordestino. Sua companheira está presa preventivamente, por suspeita de ocultação do cadáver, em decomposição avançada. A causa da morte é investigada.
Portella estava aposentado e não era visto desde 2016. Na última quarta-feira (20), um oficial de Justiça cumpria ordem de despejo no imóvel, localizado no bairro Suíssa, quando fez a descoberta macabra e a relatou à Polícia Civil. No local vivia a mulher, uma técnica de enfermagem de 37 anos, junto com a filha de 4 anos.
Ainda não há informações sobre liberação dos restos mortais para sepultamento. O radialista era natural de Ijuí (Norte gaúcho) e tinha quatro filhos – não se sabe se ele era pai da criança encontrada no apartamento de Aracaju. Conforme um de seus 11 irmãos, Portella deixou o Rio Grande do Sul em 2001 e ao longo do tempo deixou de fazer contato com os parentes.
Durante as décadas de 1970 e 1980, trabalhou em emissoras porto-alegrenses como Guaíba, Gaúcha e Farroupilha. Ele era formado em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) em 1975 e manteve escritório de advocacia na capital gaúcha.
Foi, ainda, professor em faculdades do Interior gaúcho e de Santa Catarina, onde obteve mestrado na área. Já no segmento de imprensa, atuou como colunista em jornais de Ijuí e outras cidades. Também publicou o livro “Brasil sem Força” (1988).
Versão apresentada
Em depoimento prestado na quinta-feira (21), a técnica de enfermagem não explicou o motivo pelo qual mantinha o corpo de Portella no apartamento. Ela apenas relatou ter encontrado em 2016 o companheiro morto e, “por medo”, optou por ocultar o cadáver em vez de acionar o Instituto Médico-Legal.
A mulher foi encaminhada sob custódia a um hospital de Aracaju, para avaliação psiquiátrica. Enquanto peritos trabalham para determinar a causa do óbito do radialista, pesam contra sua companheira as acusações de ocultação de cadáver e maus-tratos à criança.
ARI se manifesta
A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) emitiu nota de pesar, nesta sexta-feira (22), uma nota de pesar sobre o caso. Confira, a seguir, um trecho da mensagem publicada no site ari.org.br.
“Na semana do Dia do Radialista [21 de setembro], uma notícia choca a imprensa gaúcha e brasileira, com a identificação do corpo do jornalista e radialista Celso Adão Portella (…). A direção e o conselho deliberativo da ARI se solidarizam aos familiares de Celso Portella, ao mesmo tempo que pede celeridade na investigação e a pronta responsabilização dos responsáveis pelos crimes”.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul