Após quase 20 horas de sessão no Fórum de Sobradinho, nesta terça-feira (26) o tribunal do júri condenou três réus pelo assassinato do dono de uma propriedade rural e de seu funcionário. As sentenças variam entre 35 e 45 anos de prisão por duplo homicídio e furto qualificados. Os crimes foram cometidos em 2020 na cidade de Segredo (Vale do Rio Pardo).
Os acusados são a ex-esposa do agroempresário, sua filha e o marido dela. Além deles, um homem contratado como matador de aluguel (conforme denúncia do Mistério Público) será julgado no dia 20 de novembro.
Ambas as vítimas foram executadas a tiros. Conforme a acusação, os envolvidos forjaram um latrocínio (assalto com morte) para tentar encobrir o crime, cometido de forma premeditada e com motivação financeira – os denunciados pretendiam receber uma apólice de seguro de vida em nome do agricultor.
Na noite do dia 26 de maio daquele ano, a filha e o genro do dono do empreendimento buscaram em Candelária (na mesma região), a bordo do automóvel dela, um indivíduo que haviam contratado por R$ 5 mil para executar o plano. Eles então se dirigiram até a residência da vítima, na localidade de Rincão Nossa Senhora Aparecida.
Simulando uma visita, desceram do carro e atraíram o produtor rural e seu peão para uma conversa dentro da casa. O matador de aluguel então entrou, fingiu um assalto e amarrou o agricultor, enquanto seu genro fazia o mesmo com o funcionário.
As vítimas foram levadas até o pátio, com as mãos amarradas para trás, e cada um recebeu um disparo fatal na nuca. Após levar uma chaleira elétrica, uma televisão e um celular (daí o futuro enquadramento por furto qualificado), os três envolvidos fugiram no mesmo carro em que haviam chegado.
Ministério Público
O júri contou com os depoimentos de duas testemunhas de defesa e outras duas de acusação. O cumprimento das sentenças será sob regime fechado. A prisão preventiva dos três condenados foi mantida. Atuaram no plenário promotores de Justiça Eugênio Paes Amorim e Renan Loss.
O coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri, promotor de Justiça Marcelo Tubino, esteve em Sobradinho e ressaltou que, a ideia é acompanhar, assim como a Subprocuradoria-Geral de Justiça para Assuntos Institucionais, de perto o maior número de júris:
“O objetivo é levar um suporte necessário aos promotores de Justiça na realização dos seus trabalhos. “E mais, devolvendo à comunidade o sentimento de justiça e afastando o sentimento de impunidade”.
Ele disse, ainda, que os réus divergiam quanto ao que aconteceu, sempre tentando esconder o caráter patrimonial do crime. Para isso, tentaram justificar aos jurados que o crime ocorreu porque a vítima “abusava sexualmente da filha”.
Pelo Ministério Público, Renan Loss foi o primeiro a falar. Segundo ele, entre outras sustentações, uma delas foi mostrar que o agricultor não era violento, como destacou sua filha e ex-esposa durante interrogatórios:
“Elas mentiram, mãe e filha. A filha, por exemplo, mudou a versão algumas vezes desde o inquérito policial. Tentaram dizer que ele abusou da filha e que batia na ex-mulher”.
Segundo a falar, Eugênio Amorim fez questão de lembrar que eram duas vítimas ao mencionar que, o verdadeiro choro que viu em plenário foi o da filha e o da viúva do peão do agricultor. Segundo ele, que pediu pena máxima aos réus, desde o início tentaram manipular a investigação ao destacar que simularam furto:
“Tem como acreditar em uma pessoa que publicou nas suas redes, logo após o crime, que seu paizinho estava no céu, ela que admitiu aqui que pagou para matar o mesmo pai”, ressaltou.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul