O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) denunciou seis pessoas por envolvimento no ataque a tiros contra o promotor Jair João Franz, em Teutônia (Vale do Taquari), na noite de 17 de agosto. Além do executor do atentado, estão na lista dois mandantes, um chefe de facção criminosa (que comandou o ataque de dentro da prisão), três comparsas e sua advogada.
Um deles auxiliou no monitoramento, outro deu guarida ao executor e o terceiro forneceu celular e motocicleta. A acusação é de homicídio quatro vezes qualificado, pelos seguintes agravantes: motivo torpe (vingança pelo trabalho realizado pelo promotor, que já havia processado integrantes do grupo), emboscada, recurso que dificultou a defesa da vítima e uso emprego de arma de uso restrito (pistola de calibre 9 milímetros).
Os seis também foram denunciados pelo crime de organização criminosa “formatada pelos denunciados e seus asseclas, com caráter estável e duradouro, hierarquicamente estabelecida em estrutura ordenada e em rede, caracterizando-se pela divisão geográfica e de tarefas, facilmente identificada pelo estabelecimento de funções entre seus integrantes, a partir das possibilidades de cada um deles”.
Se a Justiça aceitar a denúncia e eles forem julgados, as sentenças podem variar de 12 a 30 anos de prisão. Ao menos quatro membros do grupo já estão presos. São elas o mandante, a advogada, o executor e o comparsa que fez o monitoramento da vítima.
Em um dos trechos do processo salienta: “O grupo tinha o fim de vantagem econômica com a exploração do tráfico de drogas, bem assim no comércio ilegal de armas de fogo. Utilizava-se de intimidação por meio de outros delitos para obtenção de domínio territorial, a fim de alcançar o lucro”.
Ainda conforme a denúncia, “foram efetivadas diversas medidas cautelares, produzindo expressivo arcabouço probatório, que permitiu, não apenas a apuração dos autores deste crime – aqui denunciados –, como a identificação de um grupo criminoso plenamente organizado para fins de cometimento de delitos das mais diversas naturezas, inclusive planejamento e execução de autoridades da Comarca”.
Motivação
O ataque teria sido motivado por desavença do grupo com o promotor Jair João Franz, 54 anos e que atua no combate ao crime. Há relato, inclusive, de que a mulher já havia se dirigido a Franz com falas de teor ameaçatório, sugerindo que ele “pagaria por tudo o que tem feito” e deveria ir embora da cidade.
“Esses são alguns elementos que constam no inquérito e que apontam que a advogada e o líder de facção teriam contratado o matador, planejado, organizado e mandado executá-lo em uma emboscada”, informou na semana passada o Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), que acompanha a apuração do caso.
Relembre
Após uma partida de futebol com amigos, Franz chegava de carro em casa por volta das 21h, quando um encapuzado surgiu do matagal em frente à residência e desferiu 15 disparos em direção ao veículo.
Ao menos 11 projéteis atingiram a lataria e um se alojou no abdômen do promotor – mas sem gravidade – após transfixar o braço. Enquanto isso, o atirador fugia a pé pela mesma vegetação de onde saíra. Uma câmera de segurança instalada no local registrou a maior parte da ação.
Franz buscou refúgio em casa e acionou atendimento médico. Ele recebeu alta na manhã seguinte. Ligado ao MP-RS desde 2002, ele trabalha há dez anos em Teutônia. A casa onde mora com a família e que foi palco do incidente de quinta-feira recebeu reforço no policiamento até a elucidação do atentado.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul