Após dois meses de queda, o IDI-RS (Índice de Desempenho Industrial gaúcho), divulgado nesta quinta-feira (05) pela Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), cresceu 3%, em agosto, na comparação com julho. Nos últimos 12 meses, porém, essa foi apenas a terceira alta, registrando ainda oito quedas e uma estabilidade.
“Com uma trajetória instável nos levantamentos recentes, os resultados positivos da pesquisa de agosto sugerem uma acomodação, comportamento esperado após duas retrações consecutivas”, diz o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, acrescentando que as comparações mais longas mostram, contudo, que o setor industrial continua com sua fase recessiva, com perdas ainda mais intensas em relação a 2022 por conta da demanda interna insuficiente e da queda nos investimentos.
Com isso, o IDI-RS esteve, em agosto, 9,9% abaixo do mesmo mês de 2022, que antecedeu o ciclo negativo em curso. Em relação ao nível anterior ao da pandemia, a comparação ainda é positiva, de 4,5%. Mas eram 16% em agosto do ano passado.
O IDI-RS mede o nível de atividade da indústria gaúcha com base em seis variáveis, sendo que apenas o emprego registrou queda em agosto, de 0,2% em relação a julho. As demais cresceram, com destaque para o faturamento real (4,5%) e as compras industriais (5,4%).
A indústria gaúcha também aumentou as horas trabalhadas na produção (1,1%), a utilização da capacidade instalada (UCI), que cresceu um ponto percentual, passando de 77,3% para 78,3%, e a massa salarial real, 0,2%.
Anual
Mas ao se comparar as variações anuais, o quadro segue predominantemente negativo. Em relação a agosto de 2022, a atividade industrial gaúcha recuou pela oitava vez: -9,5%, que apesar de contar com a mesma quantidade de dias úteis, foi a taxa mais baixa do ano. Assim, a queda acumulada em 2023 acelerou para 4,4% em agosto (era de -3,6% até julho) na comparação com os oito primeiros meses de 2022.
Entre os componentes da pesquisa, a massa salarial real, com 5,2%, e o emprego, 0,1%, apesar das desacelerações, ainda se mantêm no campo positivo. Os demais integrantes caíram na comparação entre os primeiros oito meses de 2023 e o período equivalente de 2022: compras industriais (-13%), faturamento real (-5,3%), UCI (-3,2 pontos percentuais) e as horas trabalhadas na produção (-2,2%).
Dez dos 16 segmentos pesquisados revelaram taxas negativas entre janeiro e agosto de 2023, em relação ao mesmo período de 2022. As quedas de Veículos automotores (-4,8%), Máquinas e equipamentos (-4,2%) e Produtos de metal (-8%) forneceram as principais influências negativas. As altas mais relevantes vieram de Móveis (3,9%), Tabaco (4,2%) e Equipamentos de informática e eletrônicos (4%).
Os resultados do IDI-RS apontam para a atividade industrial gaúcha ainda sem mostrar sinais de que possa reverter a tendência negativa e recuperar, ou mesmo desacelerar, as perdas. Essa perspectiva ficou ainda mais improvável por conta dos eventos climáticos críticos que atingem o Rio Grande do Sul e devem aparecer nas estatísticas nos próximos meses.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul