Rafaela Treistman, namorada de Ranani Nidejelski Glazer, o gaúcho de Porto Alegre morto em Israel após ataque do Hamas, afirmou, em publicação feita nas redes sociais nessa terça-feira (10), que ele salvou sua vida. Ela, que também é brasileira, despediu-se do namorado, a quem chamou de herói na legenda do compilado de fotos e vídeos postado em tom de homenagem a Ranani.
“Quando estávamos prestes a morrer, você não falhou em me acolher, em me acalmar. Eu devo a você a minha vida, você salvou a minha. Se tem um herói nessa história toda, esse herói é você meu amor”, escreveu.
Rafaela lamentou a morte do namorado, que faleceu aos 24 anos, e lembrou dos sonhos que ele queria realizar na vida.
“Você queria ser um DJ famoso no Brasil, queria que suas músicas fossem conhecidas, até escrevemos uma música nós dois. Eu lembro de todas as vezes que cantamos a nossa música para alguém que não tinha ouvido ainda. Lembro da sensação que eu tinha de que, quando cantávamos, espalhávamos nossa energia positiva por todo lugar”, disse.
Ranani, natural de Porto Alegre, foi encontrado morto, segundo informou a família do jovem ainda na noite de segunda (9). O Itamaraty também confirmou a morte. Seu corpo foi reconhecido pelo seu pai, conforme informou um primo do rapaz.
O gaúcho morava em Tel Aviv há sete anos, trabalhava como entregador e prestou serviço militar no país. Ele estava desaparecido desde sábado (7), quando o grupo islâmico Hamas, considerado terrorista pelos Estados Unidos e pela União Europeia, atacou uma festa de música eletrônica em que estava com a namorada e outro amigo.
Rafaela relatou, em entrevista à CNN Brasil no domingo (8), os momentos de pânico vividos durante o ataque do Hamas.
Eles estavam junto de um amigo em um festival que acontecia no Sul do país. Ela relatou que na manhã do sábado, na rave, passaram a ver mísseis no céu. Foram, então, em busca de um bunker, de onde Ranani chegou a postar um vídeo nas redes sociais.
“Fomos para uma estrada e vimos que em um ponto de ônibus tinha um bunker. Aí a gente achou que ia ficar tudo bem, já que no bunker os mísseis não seriam problemas. Mas começou a entupir de gente o bunker. Não sei dizer quantas, só não dava para se mexer no espaço que a gente estava”, relatou Rafaela.
Neste momento, conta ela, bombas de gás passaram a ser atiradas na direção do bunker, “uma seguida da outra”.
“Havia vários feridos e mortos dentro do bunker. Não tínhamos como sair, tentamos ligar para a polícia, enfim, se defendendo literalmente com os corpos das pessoas que morreram”, conta.
“Em algum momento não vi mais meu namorado. Não sei se ele levantou ou chegou a sair. Não vi mais ele, estava muito desorientada. Desmaiava muito por conta do gás”.
Na sequência, a polícia chegou ao local e checou a situação das pessoas. Rafaela e o amigo deixaram o bunker, mas não encontraram Ranani.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul