Mais 13 gaúchos que vivem em Israel desembarcaram em Porto Alegre nesse sábado (14), a bordo de um dos voos fretados pelo governo federal para retirar brasileiros do país judeu, alvo de atentados do grupo extremista Hamas que mataram centenas de pessoas. Com chegada por volta das 11h no Aeroporto Internacional Salgado Filho, o grupo tinha adultos, adolescentes e crianças, incluindo um bebê.
O número de repatriados no Rio Grande do Sul totaliza 17 até agora, somando-se quatro que já estão de volta desde a quinta-feira (11). Eles permanecem nas suas casas, seja em Porto Alegre ou cidades do Interior – a situação de cada um está indefinida no que se refere à residência em solo israelense, devido aos ataques e retaliações entre as duas partes envolvidas no conflito.
De acordo com informações da Aeronáutica, essa foi a quarta de um total de ao menos seis repatriações de cidadãos brasileiros previstas até este domingo (15). Trata-se da maior operação desse tipo já realizada na história do País.
“O quinto voo de repatriação decolou de Tel Aviv há pouco, com 215 passageiros”, informou no início da tarde desse sábado o Ministério das Relações Exteriores. “A chegada ao Rio de Janeiro está prevista para o início da madrugada deste domingo. Desde o início da operação, terá sido possível repatriar mais de 900 brasileiros. Novos voos de repatriação estão sendo avaliados”.
Outros países
Intitulada “Voltando em Paz”, a missão pretende trazer de volta também pessoas que estão na Palestina e países vizinhos como Egito e Jordânia. Equipes médicas e psicólogos foram acionados para prestar assistência aos repatriados.
Estima-se em aproximadamente 14 mil o número de brasileiros residentes em Israel e de 6 mil os que vivem em territórios palestinos. O Itamaraty disponibilizou aos interessados um formulário on-line por meio do qual essa intenção deve ser manifestada. Há também vários que não pretendem ou se sentem impedidos e voltar agora.
A Embaixada do Brasil na capital israelense Tel-Aviv organiza os embarques com base em critérios de prioridade: são considerados casos preferenciais cidadãos que residem no Brasil (turistas ou viajantes a trabalho, por exemplo), pessoas com deficiência, idosos, grávidas e menores de 18 anos.
Gaúcho morto
Assassinado durante atentado terrorista em Israel, o porto-alegrense Ranani Nidejelski Glazer teve o seu corpo sepultado no próprio país judeu. A cerimônia foi realizada na quarta-feira (11) em um cemitério na cidade de Haifa. Ele tinha 24 anos, trabalhava como entregador na capital Tel Aviv e estava em uma festa no último sábado quando integrantes do grupo Hamas atacaram o local a tiros.
O rapaz conseguiu escapar do local com a namorada Rafaela e o amigo Rafael, também brasileiros. O trio então se refugiou com outras pessoas em um bunker durante quase três horas, mas o abrigo também acabou sendo alvo de disparos dos extremistas, custando a vida do gaúcho.
Seus dois acompanhantes sobreviveram e conseguiram deixar o local junto com outras pessoas, em meio a dezenas de mortos e feridos. Ao chegarem à rua, perceberam que Ranani não saíra do local.
Sem ter como encontrá-lo em meio ao caos, a dupla procurou a Polícia e hospitais da região, sem sucesso, até receber na noite de segunda-feira (9) a confirmação oficial de que o porto-alegrense não havia resistido ao atentado. Ainda não há, porém, informação das autoridades sobre a causa do óbito.
Ex-aluno do Colégio Israelita, na capital gaúcha, Ranani Glazer tinha dupla cidadania e morava há sete anos em Israel, onde prestou serviço militar. Seu pai vive no país, enquanto a mãe reside no Brasil.
Durante o segundo atentado, do qual não sairia com vida, o entregador porto-alegrense chegou a transmitir ao vivo nas redes sociais um vídeo mencionando muita fumaça, sons de tiros e bombas, além de confusão entre o público da festa.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul