As sete empresas calçadistas que participaram do estande coletivo do Rio Grande do Sul na 96ª edição Micam Milano, realizado de 17 a 20 de setembro em Milão, na Itália, fecharam cerca de R$ 3,9 milhões em negócios com compradores oriundos de um total de 11 países. Com 1,2 mil indústrias inscritas, o evento é o maior do segmento em âmbito mundial.
Desse total, R$ 975 mil foram de vendas efetivadas no ato e R$ 3 milhões em pedidos em carteira, ou seja, a solicitação antecipada de produtos. Na lista de clientes dos gaúchos estavam França, Líbano, Japão, Itália, Espanha, Portugal, Nigéria, Japão, Grécia, Coreia e Guatemala.
O espaço coletivo foi viabilizado pela Secretaria Estadual de Desenvolvimento Econômico (Sedec), por meio do Programa de Apoio à Participação de Empresas Gaúchas em Feiras Internacionais. Além das empresas selecionadas para expor no espaço coletivo, outras 30 indústrias do setor empresarial coureiro-calçadista estiveram na Micam Milano.
Acompanhou a delegação o diretor do Departamento de Promoção Comercial, Investimentos e Assuntos Internacionais (DPCI), Evaldo da Silva Júnior. Ele representou a Sedec e conduziu uma agenda de reuniões com empresários estrangeiros, bancos e fundos de investimentos.
Durante a Micam Milano, a comitiva gaúcha acompanhou as novidades do setor e também visitou a 102ª edição da Lineapelle Milan, importante evento de componentes para calçados. A edição deste ano da feira apresentou tendências para toda a cadeia de fornecimento de moda, luxo e design, tendo reunido mais de 1,3 mil expositores e mais de 20 mil visitantes.
Silva Júnior coordenou as visitas técnicas, uma vez que o titular da pasta, Ernani Polo, permaneceu no Rio Grande do Sul por causa de compromissos relacionados aos efeitos das chuvas de setembro no Vale do Taquari. Para o diretor, a participação gaúcha na Micam Milano demonstra a força do setor:
“O Rio Grande do Sul é um polo coureiro-calçadista muito importante. Temos experiência na produção, concentrando em torno de 60% das indústrias de componentes e 80% das de máquinas para calçados. Além disso, o Estado se destaca na área de design e inovação no setor”.
Incentivo
Ernani Polo destaca medidas anunciadas pelo Estado, que reduziu de 4% para 3% a alíquota de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) do setor calçadista. Trata-se de uma antiga demanda de líderes do ramo no Estado.
Com a redução, a Receita Estadual vai deixar de arrecadar cerca de R$ 60 milhões, mas o governo espera compensar a perda com geração de empregos e investimentos na área. A medida passa a valer a partir de 1º de janeiro de 2024.
“A iniciativa vai gerar mais competitividade. Empresas que estão planejando os anos de 2024 e 2025 vão vir para o Rio Grande do Sul ao saber dessa condição. Já há sinalizações nesse sentido, e esperamos que isso ocorra em breve”, enfatiza Polo.
Conforme levantamento realizado no ano passado da Associação Brasileira da Indústria de Calçados (Abicalçados), durante o triênio 2020-2022, o Rio Grande do Sul destacou-se como o segundo maior produtor de pares de calçados no país, com uma média de participação de 21,7% na produção nacional. Somente em 2022 foram produzidos 192,1 milhões de pares no Estado.
O levantamento aponta ainda o RS como o maior exportador do Brasil. No ano passado, 42,8 milhões de pares foram enviados para o exterior, com receita de US$ 616,4 milhões. Nas exportações, o Estado contribuiu com 47% do valor total exportado e 30% do número de pares. A participação do calçado no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria gaúcha é de 6%.
Atualmente, o Estado abriga 34,5% de todas as empresas calçadistas do Brasil, contando com 1,5 mil fabricantes registrados. O setor emprega 87 mil pessoas – o equivalente a 29,1% do total nacional.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul