Após uma alta de 2,3% no Produto Interno Bruto (PIB) do Rio Grande do Sul durante o período de abril a junho, o governo gaúcho considera “desafiadoras” as perspectivas para a economia do Estado nos próximos meses. É o que aponta o mais recente relatório da Secretaria de Planejamento, Governança e Gestão (SPGG), divulgado nessa sexta-feira (20).
A agropecuária, que cresceu de forma expressiva no primeiro semestre, tem menos destaque nesta segunda metade de 2023. Além disso, a estimativa para o trigo (principal cultura do período) é de uma produção menor que a do ano passado.
O boletim também aplica o adjetivo “desafiador” ao cenário da indústria de transformação, principal segmento industrial do Rio Grande do Sul: o índice de confiança dos empresários ainda indica pessimismo.
Já no setor de serviços, a tendência é de crescimento: o acumulado de janeiro a julho mostra expansão em todas as atividades do segmento, com desempenho geral de 7,2%. As maiores altas foram registradas nas áreas de transportes (10,4%), informação e comunicação (9,2%) e serviços prestados a famílias (5,3%).
A questão climática é outro ponto de atenção para os próximos meses, conforme o documento elaborado pelos pesquisadores Martinho Lazzari e Tomás Torezani, do Departamento de Economia e Estatística (DEE) da Secretaria. Eles pontuam:
“Além da tragédia humana, o excesso de chuvas teve consequências econômicas severas. A principal é a destruição de capital produtivo, com efeitos diretos na produção em municípios do Vale do Taquari. Dentre as consequências com potencial impacto negativo estão problemas logísticos em pontes e trechos de rodovias, bem como prejuízos à colheita de trigo e ao plantio das culturas de verão, principalmente arroz, milho e soja.”
Cenário externo
Em relação à economia mundial, o intervalo de abril e a junho foi de expansão nos Estados Unidos em relação ao trimestre anterior, com crescimento de 0,5% do PIB. Já a zona do Euro apresentou leve aumento de 0,1%, atribuído ao investimento e consumo.
A economia chinesa, por outro lado, sofreu desaceleração: de 2,2% entre janeiro e março, passou a 0,8% nos três meses seguintes. A baixa se deu em virtude da fragilidade da recuperação da demanda.
Na mesma base cronológica, a economia brasileira apresentou expansão de 0,9%. Houve crescimento da indústria (0,9%) e serviços (0,6%), mas a agropecuária enfrentou retração (-0,9%). O nível do PIB se encontra em patamar 7,4% superior ao do quarto trimestre de 2019, imediatamente anterior ao da chegada da pandemia.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul