Sem uma conversa prévia com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), o governo Lula nomeou para a diretoria de Administração e Planejamento da autarquia o vereador licenciado Ricardo Blattes (PT), de Santa Maria, até então lotado no Ministério da Justiça. A indicação do Planalto foi recebida de forma indignada no órgão, responsável por arbitrar disputas econômicas e antitruste.
O Cade deve julgar questões de interesse do PT, como investigações de cartéis no PAC Favelas e negociações sobre a venda de refinarias da Petrobras. Além da falta de experiência na área de atuação do Cade, a escolha do nome sem qualquer interlocução foi recebida com espanto dentro do conselho. Também se dá num momento em que o presidente Lula ainda não avançou com o envio de novos nomes ao Senado para recompor o colegiado.
Blattes foi eleito vereador em Santa Maria (RS) em 2020, mas se licenciou este ano para assumir a diretoria do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça. Ele é do PT do Rio Grande do Sul, mesmo reduto do ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta.
O agora diretor teve a nomeação confirmada no dia 5 deste mês. Segundo o currículo publicado no site do Cade, o agora diretor tem formação em ciências contábeis, jurídicas e sociais e é mestre em criminologia, política criminal e segurança. Ele já atuou, ainda, como presidente do Conselho Gestor do Fundo de Defesa de Direitos Difusos (FDD).
As indicações que ainda precisam ser feitas para a composição do conselho necessitam passar também pelo Senado. Os futuros indicados por Lula para integrar o órgão formarão maioria no tribunal, que é composto por sete membros. A partir de novembro, só sobrarão do quadro atual o presidente do órgão, Alexandre Cordeiro, e dois conselheiros, Gustavo Augusto e Victor Fernandes.
Entre os favoritos para as vagas que se abrirão estão a economista Camila Cabral, o atual superintendente adjunto do órgão, Diogo Thompson, o advogado Mário Macieira, ex-presidente da OAB do Maranhão e ligado ao ministro da Justiça, Flávio Dino, e o advogado Carlos Jacques, consultor Legislativo do Senado, mestre em Direito Antitruste. A configuração ainda pode mudar, caso o Senado insista em indicar dois dos quatro nomes, e não um.
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul