Em sessão realizada na cidade gaúcha de Caçapava do Sul (Região Central), o tribunal do júri condenou à prisão quatro acusados (incluindo uma mulher) pela morte de um homem dentro do quarto da própria casa, na noite de 18 de fevereiro de 2021, em crime motivado por desentendimento relacionado ao tráfico de drogas.
As sentenças variam de 16 a quase 23 anos em regime fechado, por homicídio doloso qualificado (motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa da vítima).
De acordo com a denúncia apresentada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS), dois executores agiram por orientação de um mandante. Eles foram à residência da vítima, que tinha 25 anos e era natural do município, para cobrar um valor relativo à venda de drogas em um bairro da cidade.
Houve negativa e os dois foram embora, retornando armados algum tempo depois, disparando várias vezes contra o morador da casa. Mesmo baleado, ele buscou socorro com ajuda de uma testemunha na casa do pai, mas não resistiu aos ferimentos e teve o óbito constatado em um hospital local.
Os quatro réus que já estavam detidos e tiveram suas prisões mantidas. Conforme a decisão do júri, dois homens foram responsabilizados por serem os executores, e um terceiro, o mandante. A mulher, que era na época companheira do mandante, auxiliou na entrega e posterior ocultação da arma do crime, além de ajudar os dois executores a se esconderem.
Considerações
Esse foi mais um julgamento que contou com a contribuição do Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ), criado neste ano pelo MP-RS. Por meio da iniciativa, a promotora Luciane Wingert atuou na acusação em plenário junto com o colega Gustavo Ritter. Também esteve presente o promotor Gustavo Blumer Alves.
Ritter, que participou diretamente do plenário, mencionou o fato de o caso contar com a atuação de vários promotores. Também adiantou a possibilidade de um questionamento da decisão: “O Ministério Público analisará a decisão com mais calma nos próximos dias, para eventual recurso”.
Foram ouvidas quatro testemunhas: dois policiais civis, o pai e um amigo da vítima. Depois se deu o interrogatório dos réus: três dos quais permaneceram em silêncio e o outro, que confessou ter atirado na vítima, respondeu apenas às perguntas de seu advogado.
Os debates, com réplica e tréplica, começaram à tarde e foram encerrados depois das 20h. A sentença foi lida pelo juiz Fabrício Teixeira por volta das 22h.
A promotora Luciane Wingert fez uma observação relacionada a Caçapava do Sul, onde atuou pela primeira vez há mais de 20 anos): “Voltar para a cidade onde comecei e fui muito bem acolhida pela comunidade é uma experiência muito boa, por outro lado dá certa tristeza, porque quando eu trabalhei aqui não havia crimes desse tipo, com execuções em decorrência de tráfico”.
Sobre a sessão propriamente dita, ela elogiou o julgamento e seu desfecho, o qual definiu como “extremamente satisfatório” porque a acusação foi acolhida na íntegra.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul