Mais de 2,93 milhões de residentes no Rio Grande do Sul já poderiam ter recebido a dose de reforço da vacina contra covid mas ainda não receberam o procedimento. Para piorar a situação, 720.585 pessoas sequer providenciaram a segunda dose do esquema primário de imunização (com os fármacos Coronavac, Oxford ou Pfizer).
Os números constam na atualização estatística fornecida nesta sexta-feira (22) pela Secretaria Estadual da Saúde (SES) por meio do portal de monitoramento vacina.saude.rs.gov.br. Mas ainda não há dados sobre os motivos para tamanho déficit, que podem envolver desde a o esquecimento dos prazos até a desinformação ou mesmo posturas negacionistas.
A boa notícia é que ao menos 48,5% dos gaúchos estão com o esquema de imunização completo contra covid, ou seja, já receberam ao menos uma dose de reforço, após completar o ciclo primário (que também pode ser obtido com o imunizante da Janssen, de dose única).
Esse contingente é formado por quase 4,7 milhões dos 11,43 milhões de habitantes das 497 cidades do Rio Grande do Sul. Se forem contabilizadas apenas as pessoas abrangidas pela campanha (dos 5 anos em diante), esse índice sobe para 51,7%,
Situação geral
– A estatística disponível até o momento mostra que mais de 9,64 milhões de habitantes do Estado já receberam primeira dose de alguma vacina contra covid.
– Quase 8,7 milhões foram contemplados com a segunda injeção (para 313.623 o imunizante ministrado foi o da Janssen, de dose única).
– O primeiro reforço vacinal, por sua vez, abrange mais de 4,67 milhões de gaúchos, conforme mencionado anteriormente neste texto.
– Já a segunda aplicação-extra (“quarta dose”) totaliza 54.788 idosos a partir dos 80 anos e 173.662 indivíduos com baixa imunidade, segmentos populacionais contemplados por essa proteção adicional.
Mudança de critério
Vale ressaltar que desde o dia 12 de abril a Secretaria Estadual da Saúde considera que o esquema completo de imunização só existe quando já foi aplicada a primeira injeção de reforço. Antes, tal status levava em conta quem recebeu duas doses (ou aplicação única) – condição agora renomeada para “esquema vacinal primário”.
Atualizado diariamente e disponível para consulta por qualquer cidadão, o painel virtual também passou a divulgar a dados sobre o andamento da segunda dose de reforço. Atualmente, essa aplicação é recomendada a partir dos 80 anos – grupo que abrange 326 mil gaúchos, dos quais quase 55 mil já estenderam o braço à segunda picada-extra.
Conforme o governo do Rio Grande do Sul, as mudanças têm por finalidade reproduzir na estatística oficial a constatação – comprovada cientificamente – de que a melhor proteção contra a covid pressupõe justamente a aplicação da dose-extra, atualmente disponível a partir dos 18 anos e para grupos de maior risco para a doença.
“Trata-se de uma avaliação dinâmica, já que nos primeiros tempos da ofensiva contra covid o esquema completo era representado pela segunda dose ou dose única, mas isso mudou”, explicou na ocasião a Secretaria Estadual da Saúde na ocasião.
Análises mais recentes por técnicos confirmam a ocorrência de uma redução expressiva das chances de óbito por covid para quem recebeu o reforço vacinal. Idosos com essa proteção adicional têm risco 17 vezes menor de morrer pela doença, se comparados aos indivíduos sem qualquer dose até o momento. Já para o segmento populacional de 40 a 59 anos, essa proporção é 14 vezes menor.
(Marcello Campos)