O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MP-RS) apresentou denúncia à Justiça Militar contra três brigadianos responsáveis por abordagem que resultou na morte de um policial rodoviário aposentado, na cidade de Torres (Litoral Norte), em agosto de 2021. As acusações vão de lesão corporal a lesão corporal grave.
O processo corre em paralelo à ação na Justiça Comum, onde um dos envolvidos responde desde abril por homicídio. Conforme a promotora Luciana Casarotto, a conduta do trio foi determinante para o desfecho fatal do incidente, com o Fábio Cesar Zortéa, 59 anos, baleado no abdômen em frente ao prédio da família, no Centro da cidade.
No caso da denúncia à Justiça Militar, a lesão corporal grave é referente a um disparo efetuado contra um dos filhos do ex-agente rodoviário. Já as lesões corporais são alusivas a outro filho também presente no local. Ao todo, seis policiais militares participaram da ocorrência.
“A tensão nas ruas em situações de urgência é rotineira à função de qualquer policial e, justamente por isso, excessos em meio a uma crise merecem toda a atenção da Justiça Militar Estadual no aspecto criminal, especialmente para que não se repitam. O militar é a força do Estado nas ruas e deve agir com toda a responsabilidade que isso significa”.
Relembre o caso
Na madrugada de 23 de agosto de 2021, uma patrulha da BM foi acionada para atender a um episódio de perturbação pública protagonizado em uma padaria por um dois homens, envolvendo a compra de bebidas alcoólicas. Um tinha 33 e o outro 37 anos, sendo ambos filhos do policial rodoviário.
Após o tumulto, os dois voltavam para casa em um automóvel Gol quando ignoraram uma ordem feita pelos brigadianos para que parassem. Houve perseguição até a frente do prédio da família de Zortéa, que desceu de seu apartamento junto com a esposa para ver o que estava acontecendo. Uma confusão se instalou na calçada.
Cenas registradas por uma testemunha com o telefone celular mostrou boa parte do incidente. Pai e filhos trocaram agressões com os policiais e teriam tentado se apoderar da arma de um deles. Foi quando os patrulheiros efetuaram disparos, alegadamente para conter o grupo.
Um dos homens foi preso em flagrante, enquanto seu irmão era hospitalizado em estado grave. Já o pai deles morreu com um tiro no abdômen. Ele havia ingressado na Polícia Rodoviária Federal em 1994 e atuado em delegacia do órgão em Osório, até se aposentar em 2014.
Na época do caso, a seccional gaúcha da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) classificou o episódio de “lamentável” e “preocupante”. Uma nota da entidade ressaltava: “A cidadania não pode mais conviver com casos de violência e abusos”.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul