A Defensoria Pública do Estado do Estado (DPE) passou a contar em sua equipe de Ouvidoria com uma apenada do regime semiaberto. Trata-se de Graciela de Andrade Gonçalves, 60 anos, matriculada no primeiro semestre de Direito na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS) e que recebeu a oportunidade, em Porto Alegre, graças a uma ação conjunta com a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
Ela já cumpriu em regime fechado mais de seis dos 18 anos (1/3) de sua sentença de prisão, o que a habilitou a progredir para o semiaberto, mediante monitoramento por tornozeleira eletrônica. O crime que levou à sua condenação não foi detalhado pela Defensoria.
Encarcerada desde 2017 no Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier, na Zona Sul de Porto Alegre, ela participou das aulas oferecidas na instituição, prestou quatro vezes o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e, no ano passado, foi contemplada com uma bolsa de estudos pelo Programa Universidade para Todos (Prouni). Em agosto, ela iniciou as aulas na faculdade.
Desde então, participou de mutirões e outras atividades do programa “Balcão do Consumidor”, algumas inclusive com a participação da própria Defensoria Pública. A parceria com a Susepe oferece a detentos do semiaberto um total de 30 postos de trabalho em diferentes unidades da DPE. Atualmente, a lista inclui as comarcas da Capital, Santa Maria, Cruz Alta e Sant’Ana do Livramento.
Com a palavra…
“Apesar de estar atrás das grades, a nossa mente é liberta, então procurei focar em trabalho e nos estudos, algo que ninguém nos tira. Não há tempo ou idade que possa nos impedir de estudar”, salientou a apenada ao iniciar o novo capítulo de sua reinserção social. “Seguirei nesse caminho para mostrar nossa importância e dignidade. É uma oportunidade de mostrar à sociedade que somos capazes.”
Depois de formada, a apenada quer ajudar pessoas que não têm conhecimento da legislação. Graciela finalizou: “O Direito é o sonho de uma vida toda. Quero contribuir para que outros também possam melhorar de vida, gente que muitas vezes não sabe que caminho seguir. Com a atuação na Defensoria, quero poder levar conhecimento às pessoas para que não sofram injustiças”.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul