Em julgamento encerrado na madrugada dessa quarta-feira (1º) em Guaíba, três homens foram condenados por tentativa qualificada de homicídio contra um trio de brigadianos durante resistência a uma ação policial. O Ministério Público recorrerá, por considerar seis a oito anos de prisão uma pena branda para o crime, cometido em janeiro de 2021.
Os réus já estavam presos preventivamente e continuarão encarcerados. Eles também foram sentenciados por tráfico de drogas e associação criminosa, mesmos crimes atribuídos a outros três denunciados que também estavam no sítio onde os brigadianos foram atacados.
A denúncia do MP-RS havia sido oferecida à Justiça quatro meses após o incidente. No caso das tentativas de homicídio, foram levados em conta os seguintes agravantes:
– Motivo torpe (resistência a abordagem).
– Uso de meio que impossibilitou a defesa das vítimas.
– Reação armada para tentar garantir impunidade.
– O fato de o alvo dos disparos terem como alvo agentes de segurança pública.
Entenda os crimes
No dia 9 de janeiro de 2021, integrantes de uma organização criminosa estavam reunidos em um sítio na Estrada Bom Fim, em Guaíba, para discutir as atividades do grupo. Havia ao menos 20 pessoas no local, todas conduzidas à propriedade rural por motoristas de aplicativo ligados aos suspeitos.
A maioria do grupo foi obrigada a deixar suas armas e telefones na entrada, com seguranças do líder da facção. Parte desses criminosos desarmados não sabia, mas alguns estavam prestes a ser executados por causa de desentendimentos internos.
Os planos dos líderes se complicaram quando um dos integrantes desconfiou do objetivo do encontro e fugiu de casa antes da chegada do veículo que o levaria até o sítio. Nesse momento, sua companheira acionou a Brigada Militar, que enviou ao sítio uma viatura com três policiais. Ao serem avistados, acabaram recebidos a tiros de fuzil e pistola.
Nenhum agente ficou ferido e um dos integrantes da facção, que portava o fuzil, foi baleado em uma das mãos. Os criminosos fugiram para uma região de matagal, mas o reforço de outros agentes da corporação permitiu um cerco que teve como desfecho dez prisões – incluindo as dos crimininosos agora condenados.
Promotores se manifestam
Os promotores Daniela Fistarol, que atua na comarca local, e Fernando Sgarbossa, que assessorou à colega no plenário como integrante pelo Núcleo de Apoio ao Júri (NAJ), manifestaram-se após o desfecho no tribunal.
“Ao acolher todas as teses sustentadas pela acusação, a decisão dos jurados demonstrou que “a comunidade não tolera mais atos praticados por organizações criminosas e que abalam a tranquilidade da população e desrespeitam policiais”, frisou Daniela.
Ela fez uma ressalva: “O Ministério Público recorrerá das penas aplicadas, para que a punição seja efetivamente exemplar e compatível a gravidade dos crimes praticados”.
Sgarbossa corroborou a avaliação da colega: “A comunidade de Guaíba demonstrou não aceitar teses que desvalorizam a vida dos policiais militares e não admitir como mera resistência balear agentes de segurança com disparos de armamento pesado, utilizando inclusive um fuzil”.
(Marcello Campos)
Créditos do texto/imagem: Jornal O Sul