A Sondagem Industrial RS de março, divulgada pela Fiergs (Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul), nesta terça-feira (26), mostra que produção e emprego estiveram em alta nas empresas gaúchas, enquanto a ociosidade diminuiu.
Contudo, não foi possível ajustar os estoques, que continuaram sendo acumulados e se distanciaram ainda mais dos níveis planejados. Segundo o presidente da Fiergs, Gilberto Porcello Petry, a falta ou o alto custo das matérias-primas permanece como o maior problema enfrentado no primeiro trimestre de 2022, apesar de menor na comparação com o trimestre anterior.
“As condições financeiras e as margens de lucro das empresas se deterioraram entre janeiro e março, principalmente em função da elevação no preço dos insumos e das restrições para acesso ao crédito. Para os próximos meses, os empresários gaúchos esperam aumento da demanda e do emprego, mas estão menos otimistas, o que afeta a intenção de investir”, afirma Petry.
O indicador da produção no terceiro mês de 2022 atingiu 55,7 pontos, 3,3 mais alto que a média histórica do mês desde 2010. Isso significa que o aumento da produção foi mais intenso e abrangente do que o esperado para o período. O emprego, da mesma forma, superou a estabilidade sugerida pela média histórica do mês, de 50,2 pontos.
Ao alcançar 51,8 pontos, registrou a 21ª alta consecutiva. Os índices variam de zero a cem pontos, sendo que pontuações acima de 50 indicam crescimento em relação ao mês anterior.
Estoques
Mesmo que a UCI (utilização da capacidade instalada) na indústria gaúcha tenha chegado a 74% em março, dois pontos percentuais acima de fevereiro e três da média histórica do mês, os empresários consideraram a utilização abaixo do normal, ainda que mais próxima do que em fevereiro. O índice de UCI em relação a usual cresceu de 46,4 para 48,5 pontos no período. Os 50 pontos, nesse caso, expressam o nível de UCI usual.
Os estoques de produtos finais na indústria gaúcha no mês passado continuaram em níveis excessivos, de acordo com a pesquisa. O índice de estoques planejados alcançou 52,7 pontos, ficando ainda mais distante da marca dos 50, que indica o volume no nível esperado pelas empresas. A indústria registra acúmulo de estoques desde outubro de 2021.
De janeiro a março de 2022, a Sondagem Industrial revelou ainda que, pelo sétimo trimestre consecutivo, a falta ou o alto custo das matérias-primas se manteve como o maior problema enfrentado pela indústria gaúcha, como consequência das restrições nas cadeias de suprimento. Porém, o percentual de assinalações, em 60,5%, é o menor desse período, 6,9 pontos percentuais abaixo do último trimestre de 2021.
A elevada carga tributária, com 28,6%, continuou em segundo lugar na lista dos maiores problemas para as empresas no primeiro trimestre, mas também perdeu importância relativa na comparação entre o último trimestre do ano passado (40,9% das respostas).
Com 25,9% das assinalações, a demanda interna insuficiente ganhou relevância e já é o terceiro maior problema no período, 5,7 pontos percentuais acima do percentual anterior. A situação financeira das indústrias deteriorou-se nos primeiros três meses de 2022.
Os índices ficaram no menor nível desde o segundo trimestre de 2020 e quanto menores, maior a insatisfação. O índice de satisfação com a margem de lucro caiu sete pontos, para 43,4, refletindo as dificuldades das empresas de repassar o aumento dos custos.
A indústria gaúcha percebeu uma intensificação no aumento dos preços das matérias-primas. O índice de evolução dos preços, após três trimestres de queda, voltou a subir e atingiu 72,7 pontos (foi de 69,4 entre outubro e dezembro de 2021), apontando aumento disseminado entre as empresas.
Em relação ao acesso ao crédito, o índice de condições caiu para o menor valor desde o segundo trimestre de 2020: 40,8 pontos no período. Significa que para as empresas gaúchas, as condições de acesso ao crédito são as mais adversas dos últimos sete trimestres, efeito do ciclo de alta da taxa de juros.
Os índices de expectativas da pesquisa, realizada entre 1º e 11 de abril, se reduziram com relação a março, mas permaneceram acima dos 50 pontos. Apesar de menos otimistas, os empresários gaúchos continuam esperando expansões da demanda (de 57,4 para 56,2 pontos), das exportações (de 56,1 para 54,1), do emprego (de 53,8 para 52,7) e das compras de matérias primas (de 56,9 para 54,3) nos próximos seis meses.
O menor otimismo derrubou a intenção de investir da indústria gaúcha na passagem de março para abril: o índice caiu de 61,7 para 57 pontos. Mas a intenção de investir segue predominando para 60,8% das empresas.