O trecho da BR-116 que passa pelo bairro Rincão Gaúcho, em Estância Velha, no caminho para a cidade de Ivoti, foi totalmente interditado nesta quinta-feira (2) depois que um deslizamento de terra “engoliu” parte da terceira faixa para quem segue no sentido capital-interior. Não há previsão de liberação. O desvio é feito pela Avenida Presidente Lucena, em Estância.
Mas essa não é a primeira vez que o quilômetro 232 da BR-116 é bloqueado por deslizamento. Em 1993, a poucos metros da ocorrência desta quinta, que não deixou feridos e nem atingiu construção ou rede elétrica, o solo cedeu e cerca de 40 toneladas de terra, pedras e árvores soterraram duas casas. Dez pessoas morreram, incluindo três crianças com idades entre 1 e 9 anos.
A avalanche fatal foi na madrugada de 11 de julho de 1993, após dias de muita chuva e frio em toda a região. As vítimas provavelmente estavam dormindo, portanto sem chance de fugir. Um Escort e uma moto que passavam pela BR também foram “sugados” pela cratera. Os três ocupantes do carro e o condutor da moto se salvaram. Eles foram socorridos pelo pessoal de uma boate que existia em frente ao local da tragédia.
Dos dez mortos, oito eram da família Pereira da Silva. O trabalho de resgate começou no amanhecer do dia 11, um domingo, e terminou somente na noite do dia 13, terça-feira. Em poucas horas os dois primeiros corpos foram retirados do meio da lama e em seguida a ação foi suspensa porque havia risco de novo deslizamento. O buraco tinha 40 metros de diâmetro por 12 de profundidade, aproximadamente.
A edição do Jornal NH do dia seguinte à tragédia contou, na capa, que além dos três ocupantes do Escort, um homem de 40 anos que estava em uma das casas conseguiu se salvar. Ele se agarrou a uma árvore. Ainda tentou salvar a esposa e a filha, mas não conseguiu.
A operação de resgate mobilizou pelo menos 50 bombeiros de unidades de toda a região. Eles se revezavam nas buscas. Técnicos e engenheiros, inclusive da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), acompanhavam os trabalhos para garantir a segurança das equipes. A exemplo desta quinta-feira, naquele dia o solo estava totalmente encharcado.
“Situação muito difícil”, avaliou o então prefeito de Estância Velha Frederico Leuck, que liberou máquinas e pessoal da Prefeitura para auxiliar nos trabalhos. O prefeito também se encarregou de melhorar o caminho entre Estância e Ivoti, que ainda era de chão batido e passaria ser a principal alternativa aos motoristas. O governo do Estado prometeu ajuda para melhorar as condições da via, hoje asfaltada.
O local onde ocorreu o deslizamento era considerado de alto risco pela Metroplan. Isso porque teria havido muita infiltração de água da chuva por debaixo da rodovia. Esse escoamento teria formado pequenas “grutas subterrâneas”, fragilizando o solo e o asfalto. Além daquele ponto, outras encostas de Novo Hamburgo e Estância foram classificadas naquele inverno como área de alto risco para deslizamentos.
Créditos do texto/imagem: Portal ABC Mais.