Nesta quarta-feira (4), as prefeituras dos 497 municípios gaúchos já podem começar a aplicação da segunda injeção de reforço (também conhecida como “quarta dose”) da vacina contra a covid para os idosos a partir dos 70 anos. A liberação também contempla a faixa de 60 anos em diante para quem vive em asilos e ou instituição similar.
Está apto a receber a proteção adicional quem se submeteu ao primeiro reforço há pelo menos quatro meses. Além de documento de identidade com CPF e foto, o “vovô” ou “vovó” deve apresentar o cartão de controle que é preenchido nos postos durante os procedimentos anteriores de imunização contra a doença.
Até esta terça-feira, o procedimento estava restrito aos maiores de 80 anos e aos indivíduos com baixa imunidade. A redução etária representa, portanto, um importante avanço na ofensiva contra a pandemia, que desde o início (em março de 2020) mantém o amplo predomínio da população idosa entre os casos cujo desfecho é o óbito do paciente.
Basta conferir as estatísticas detalhadas no painel virtual ti.saude.rs.gov.br: das 39.296 perdas humanas para o coronavírus em quase 26 meses de pandemia no Rio Grande do Sul, em 28.383 a vítima era idosa, proporção que representa mais de 72%. Esse contingente é formado por 9.224 indivíduos na faixa de 60 a 69 anos, 10,024 entre 70 e 79 anos e outros 9.135 com idade a partir de 80 anos – o recorde no Estado é de 112 anos.
“A ampliação segue orientações do Ministério da Saúde, com objetivo de manter os baixos índices de casos graves e óbitos pela doença neste segmento populacional que é o mais suscetível à covid”, ressalta a titular da Secretaria Estadual da Saúde (SES), Arita Bergmann.
Ela também informou que os gestores locais não precisam aguardar a chegada de novos lotes de ampolas, já que podem utilizar doses em estoque – o fármaco geralmente utilizado nesses procedimentos é o da Pfizer, mas em caso de necessidade podem ser utilizados outros, com o de Oxford (Astrazeneca).
Análises técnicas mais recentes confirmam uma redução expressiva nas chances de óbito por covid para quem recebeu o reforço vacinal, sobretudo após a chamada “quarta dose”. Idosos com a primeira proteção adicional têm risco 17 vezes menor de morrer pela doença, se comparados aos indivíduos sem qualquer dose até o momento. Já para o segmento de 40 a 59 anos, essa proporção é 14 vezes menor.
Esquema completo
Desde a primeira quinzena de abril, a Secretaria Estadual da Saúde considera que o esquema completo de imunização só existe quando já foi aplicada a primeira injeção de reforço. Antes, tal status levava em conta quem recebeu duas doses (ou aplicação única) – condição agora renomeada para “esquema vacinal primário”.
Atualizado diariamente e disponível para consulta por qualquer cidadão, o painel virtual também passou a divulgar a dados sobre o andamento da segunda dose de reforço: até esta terça-feira, haviam sido contemplados 72.073 idosos a partir dos 80 anos e 177.718 imunossuprimidos (pacientes em quimioterapia, por exemplo).
As mudanças têm por finalidade reproduzir na estatística oficial a constatação – comprovada cientificamente – de que a melhor proteção contra a covid pressupõe justamente a aplicação da dose-extra, atualmente disponível a partir dos 18 anos e para grupos de maior risco para a doença.
(Marcello Campos)